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Ainda sobre a empulhação do automóvel tupiniquim “movido a água”

Professor,
Entenda que sou leigo em relação à matéria do artigo  Carro movido a água: milagre ou empulhação?, por isso peço paciência pela ignorância da pergunta.
Sobre a quantidade menor de energia resultante para gerar um novo ciclo de energia mecânica, seria possível somar uma segunda e terceira energia (solar, aeólica… células fotovoltaicas no teto e capô, hélices junto ao radiador, também das rodas.) à carga inicial da eletrólise, tornando viável o tal “carro movido à água?
Outra pergunta. Já ouvi falar do carro movido à ar criado pelo engenheiro aposentado da William?

Respondido por: Prof. Fernando Lang da Silveira - www.if.ufrgs.br/~lang/

Carros movidos com hidrogênio existem. O primeiro motor que utilizou a combustão do hidrogênio remonta ao século XIX. Vide Hydrogen vehicle.

Para produzir hidrogênio a partir da eletrólise (é o caso do automóvel tupiniquim referido nesta postagem) necessita-se uma fonte elétrica capaz de gerar uma quantidade de energia elétrica maior do que aquela produzida pelo motor que queimará o hidrogênio. Subestimando a energia elétrica da fonte, ela deveria ser 5 vezes maior do que a energia mecânica produzida  pelo motor do automóvel pois somente uma pequena parcela da energia investida na geração de hidrogênio por eletrólise da água pode ser transformada em energia mecânica.

Desta forma, como podemos mover um automóvel com velocidade razoável no plano com uma potência mecânica de aproximadamente 30 cv, a fonte de energia elétrica para fazer a eletrólise da água teria no mínimo a potência elétrica de 150 cv para conseguir alimentar o motor com o hidrogênio que seria queimado! Ora, se tal fonte existir, o melhor seria então mover o automóvel diretamente com um motor elétrico pois ele produziria não a potência de 30 cv mas de mais de 100 cv.

Outra vez notamos como a solução tupiniquim tratada na postagem Carro movido a água: milagre ou empulhação?  é uma grande fraude!

Quanto à utilização de células fotovoltaicas para gerar energia elétrica no automóvel para realizar a eletrólise também não seria viável. Atualmente um painel solar com área de 1 metro quadrado gera no máximo cerca 1/6 cv em potência elétrica. Ou seja, se cobrirmos um automóvel com painéis fotovoltaicos, conseguimos gerar potências elétricas da ordem de apenas 1 cv.

Finalmente, geradores eólicos para aproveitar o “vento” que passa pelo automóvel, além de gerar pequenas potências elétricas, aumentariam o arrasto aerodinâmico do automóvel, exigindo um acréscimo de potência do motor do automóvel muito superior à potência que os próprios geradores eólicos produziriam.

OBS.: Veículos movidos com ar comprimido são possíveis e estão sendo utilizados. Vide Compressed air car.

“Docendo discimus.” (Sêneca)


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