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Uma máquina “gravitacional maravilhosa” que produz energia a partir de coisa alguma!

Meu caro professor, lhe trago, talvez, uma grande asneira ou, quem sabe, a máxima de que os loucos deste mundo são aqueles que mudaram o curso e quebra da realidade do mundo em que vivemos: http://www.rarenergia.com.br/

Lang, sou formado em Engenharia Elétrica na UFRGS, e algumas vezes já conversei contigo. Gostaria muito que você avaliasse com carinho este link que te enviei. Um abraço.

rarenergia

 

Respondido por: Prof. Fernando Lang da silveira - www.if.ufrgs.br/~lang/

Minha resposta inicial ao engenheiro: Já discutimos amplamente sobre o tema logo a seguir do momento em que esta “maravilha” foi anunciada em final de 2012. É interessante notar que as últimas notícias no endereço da “geringonça milagrosa” são de 2013 em Porto Alegre (vide comentário abaixo). Depois não há mais notícias e se a máquina funciona, bem que poderiam ter feito um vídeo da “maravilha” em movimento. Mas não há mais notícias. Ou eles se convenceram que a coisa não funciona, ou estão produzindo energia quietinhos. 🙂 O que achas?

Resposta do engenheiro: Professor, acredito que neste mundo não existe nada pronto. Tudo se pode aprimorar e avançar ainda mais. A ciência tem papel primordial nisso. Mas, até onde sabemos, existem postulados, como o caso de não existir nada mais rápido do que a luz. Há também um postulado equivalente ao NÃO SER POSSÍVEL PRODUZIR ENERGIA utilizando a gravidade? 🙂 Um abraço, e obrigado pela atenção.

Segue minha nova resposta: Para produzir energia a partir da gravidade exclusivamente, operando qualquer dispositivo em ciclo, sem uma fonte externa (como por exemplo a radiação solar no caso das hidroelétricas), há que se diminuir a energia gravitacional armazenada no campo gravitacional da Terra, o enfraquecendo então. E tal somente é possível consumindo a massa do planeta. Será por isso que eu me senti mais leve quando passei por perto do bairro São Geraldo onde está instalada a máquina? 🙂

Podemos crer em qualquer coisa mas crença não transforma devaneios em realidade.

Sugiro que entres em contato com os inventores da “maravilha” para saber em que pé anda o projeto e se podes assistir o funcionamento da  máquina. E aí me passa a informação.

Se a notícia for positiva, então com mais razão valerá aquilo que encontramos no Hino Riograndense: “Sirvam nossas façanhas de modelo a toda a Terra!”

Nova resposta do engenheiro: “crença não transforma devaneio em realidade”. Ótimo. 😉 Com certeza, professor, eu pretendo entrar em contato com eles. Então lhe trarei mais informações. Grande abraço  🙂

Comentário final: Aguardo ansiosamente 🙂 o retorno!

Comentário em 25 de abril de 2016: Na página da RAR Energia estão expostas desde dezembro de 2015 novas  e esmeradas figuras mostrando supostos aperfeiçoamentos da sofisticada engenhoca. Entretanto até agora nenhuma evidência de que a máquina “maravilhosa” funcione (por exemplo um vídeo mostrando a máquina em operação) foi apresentado. Há portanto mais de três anos de total imobilidade do moto perpétuo ou máquina de “free energy” gaúcha. 🙂

Comentário em 04/04/2017: Uma defesa da possibilidade de tal máquina encontra-se em http://pesn.com/2015/12/18/9602705_David-Haack_Why-I-think-the-RAR-Enerngia-gravity-motor-works/

Comentário em 20/05/2019: O sítio da RAR Energia não mais existe, bem como a defesa do funcionamento da máquina “maravilhosa”. Abaixo as últimas imagens retiradas do site que não mais existe.

Outras postagens sobre máquinas “maravilhosas”: Máquinas maravilhosas.

“Docendo discimus.” (Sêneca)

Visualizações entre 27 de maio de 2013 e novembro de 2017: 4085.


17 comentários em “Uma máquina “gravitacional maravilhosa” que produz energia a partir de coisa alguma!

  1. Walter disse:

    Quero crer que a potência de 30kW, mencionada no site, seja resultado de uma conta, e não meramente um chute.
    É um número plausível, mas pelo jeito cometeram um erro de sinal.
    Com uma fonte de 30kW é bem provável que tenham conseguido colocar esta coisa para girar.
    Isto se tiverem conseguido alinhar os mancais deste longo girabrequim.

  2. Pedro disse:

    Trata-se sem dúvida de um assunto polémico que não posso discutir por falta de conhecimentos específicos.
    Apesar de ter curso superior (Odontologia), neste assunto estou como um matuto da roça. Ou funciona ou não funciona, o resto os outros (entendidos) que expliquem.
    Há porém uma coisa que me despertou a curiosidade. Eles disseram que já tinham pedido a patente. Alguém sabe se ela lhes foi concedida? Como poderemos saber? Caso tenha sido, o que é que os grandes futuros prejudicados poderiam fazer? Como calar o que nos pode prejudicar? Comprando-lhes a patente, simplesmente.
    O atual silêncio pode dever-se ao fato de simplesmente terem vendido a patente e …Ciao! Ciao, bambina!
    Um abraço.
    Pedro

    • Fernando Lang disse:

      Patentear uma máquina não é garantia de que a máquina cumpra o prometido. Em algum momento, um pouco depois de ser lançada na imprensa gaúcha a propaganda da “maravilha”, alguém exibiu no meu Facebook a patente. Entretanto atualmente eu não disponho mais aquela informação.

    • Hamilton Klimach disse:

      Acrescentando mais um pouco de informação: a “patente” ou mais exatamente o “registro de propriedade intelectual”, assegura, como o nome diz, a propriedade sobre uma criação do intelecto. Apenas isso. O fato de uma patente ser concedida a um cidadão não significa que a ideia proposta nesta patente funcione ou tenha alguma utilidade.
      A legislação de concessão de patentes não é internacional, e cada país tem suas especificidades. Alguns impõem condições mínimas de utilidade ou funcionalidade, outros não. Mas nenhum exige que se apresente um protótipo funcional que comprove a viabilidade técnica da criação.

  3. Ariel Wollinger disse:

    picaretagem total. NUNCA vai gerar 1 volt.

  4. Jhon Hewlly disse:

    as vezes as pessoas esquecem que a ciência e feita de provas e experimentos, e já dizia a clássica frase contra fatos não a argumento, e então aonde estão os fatos e experimentos?
    .

  5. Borde Zax disse:

    Oi Fernando, parabéns pela atuação no esclarecimento das coisas. Por um lado, as pessoas que investem tanto tempo e dinheiro em uma ideia que poderia ser previamente descartada trazem algum benefício pedagógico, porque repetem, com requintes contemporêneos, os passos que nossos antepassados deram na construção do conhecimento. Essas disputas e dramas ocorreram no passado, ainda na fase nebulosa, pouco unificada, da física. Hoje há até ditados conhecidos, por exemplo, você pode alterar qualquer teoria como físico, diante de uma descoberta, menos a termodinâmica. Se você acha que vai alterar a termodinâmica, deve mudar de profissão (claro que isto é uma piada, mas com certo fundamento). É que o drama da termodinâmica é o drama da energia e da sua disponibilidade (esta última é fundamental, e relaciona-se com o conceito de entropia). A física não tem leis que partem de uma “casta pensante” como era, talvez a casta grega do tempo de Atistóteles (que eu nem sei se era ou não). Ela consolidou-se de forma bastante dramática, contrariando interesses diversos em vários momentos da história. Trazendo más notícias constantemente. E exigindo esforço duro para ser entendida no tempo de vida de um humano. Por falta ou incompletude desse conhecimento, as pessoas repetem *exatamente* os dramas mais básicos. Aqueles que, ironicamente, foram os mais disputados no passado, e portanto os que têm mais acúmulo de evidência em favor das conclusões atuais. Claro, podem haver limites em que esses conceitos precisam de adaptação, ou mesmo não funcionem, mas não vai ser exatamente no funcionamento de máquinas ou produção local de energia em escala de consumo humano.

  6. Giuliano Gasparini disse:

    Acho que faliram porque não pagaram a conta da… energia.

  7. Elizeu Cruz disse:

    Muita coisa pra nada.
    Tenho solução para roda de Bhaskara funcionar seria muito viável.

  8. jota erre erre disse:

    A energia da gravidade da terra não vem também do sol, como no caso da energia da hidroelétrica?
    A energia da gravidade da terra não vem da órbita terrestre? A terra é um volante inercial no caso, e a “energia da gravidade” não vem dai? Pois, segundo a física, se a tendência é o movimento… essas máquinas não estão somente funcionando a partir do movimento da terra, do sistema solar no caso?

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