Tsunamis não são como os filmes mostram!
31 de julho, 2025 às 21:00 | Postado em Mecânica de fluidos, Mitos, empulhações, notícias falsas, Ondas de gravidade (ondas marítimas), Ondas mecânicas
Respondido por: Prof. Fernando Lang da Silveira - IF-UFRGSTsunamis parecem bem diferentes do que a maioria pensa, nem parece aquela coisa toda destruindo tudo, tsunamis são pequenos e não ondas monstruosas como os filmes apresentam. Por que é desse jeito?
Um tsunami é constituído sempre por ondas gigantes em comprimento de onda. Os tsunamis em alto mar tem comprimentos de onda de no mínimo 10 km, podendo chegar a centenas de quilômetros. Detalhes quantitativos sobre o grande tsunami que assolou o Japão em 2011 são encontrados em Detecção de tsunami pelas estações DART.
A amplitude (ou “altura”) de um tsunami em alto mar (mar profundo) é, salvo exceções raras, da ordem de metro apenas a exemplo do tsunami de 2011. Tal se deve a que a quase totalidade dos tsunamis informados pela mídia são gerados por movimentos sísmicos de súbita elevação ou queda do leito do oceano em regiões em que existe uma lâmina de água espessa e, portanto, longe da costa.
Os tsunamis viajam em mar profundo (onde a distância entre a superfície do oceano e o leito do oceano é 5 km) com velocidades da ordem de 800 km/h e normalmente lá possuem amplitude da ordem de metro.
Quando um tsunami se aproxima da costa, encontrando então águas com profundidade decrescente, sua velocidade se reduz, encurtando o seu comprimento de onda proporcionalmente à nova velocidade. A rapidez de propagação do tsunami vale raiz quadrada do produto g (aceleração da gravidade) por H (espessura da lâmina de água na região de propagação). A energia mecânica transportada pelo tsunami, fica então distribuída sobre uma extensão espacial (comprimento de onda) menor quando H diminui e, consequentemente, sua amplitude aumenta. Mais detalhes no artigo A propagação das ondas marítimas e dos tsunami.
A Fig. 1 representa esquematicamente o comportamento do tsunami ao viajar de mar alto para a costa, indicando que com a redução da sua velocidade (rapidez) de propagação a sua amplitude aumenta.

Apesar de um tsunami atingir amplitude máxima de alguns metros – e não de dezenas ou centenas de metros como se vê em filme – o efeito de inundação catastrófica das regiões costeiras quase niveladas com o mar ocorre pois ele eleva por alguns metros as águas, mantendo o nível elevado durante minutos. É o que se observa em muitos vídeos reais disponíveis na internet.
“Docendo discimus.”
