Questão 52 – ENEM 2010
17 de setembro, 2015 às 15:47 | Postado em Eletricidade, Questões do ENEM, vestibulares, concursos, Radiação
Respondido por: Prof. Fernando Lang da Silveira - www.if.ufrgs.br/~lang/Olá, professor! Como está?Mais uma vez o assunto é ENEM.
Esta a questão 52 de 2010 foi utilizada em uma avaliação interna da XYZ e, posso estar muito enganado, mas para mim eficiência não é sinônimo de potência.Todas as resoluções que vi na internet apontam como correta a alternativa C. Para mim, não tem resposta esta questão.Agradeço a atenção!
Mais uma questão mal formulada e sem resposta, como bem notaste, entre tantas outras já acontecidas no ENEM!
A eficiência de um forno de micro-ondas está definida em detalhes pelo INMETRO no Anexo A do documento seguinte: http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC001810.pdf
Como é sabido a eficiência SEMPRE é uma grandeza adimensional, uma razão entre duas quantidades com a mesma dimensão. Neste caso é a energia efetivamente absorvida pelo corpo que está sendo aquecido dividida pela “energia consumida durante o ensaio de determinação da potência de saída de micro-ondas, em Wh, incluindo a energia consumida durante o tempo de aquecimento da válvula magnetron.”
Existem fornos de micro-ondas com diferentes potências nominais de entrada, isto é, que consomem diferentes quantidades de energia da rede alimentadora no mesmo tempo. Por exemplo o INMETRO dá informações detalhadas sobre algumas dezenas de fornos de micro-ondas encontrados no mercado brasileiro no seguinte documento http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pbe/fornos_de_micro-ondas.pdf.
Neste documento encontram-se fornos de micro-ondas que demandam potências muito diferentes da rede alimentadora. Há fornos com potência de 700 W até fornos com potências de 2200 W. As eficiências variam entre 40% e 60%.
De acordo com o comando da questão cinco fornos de marcas distintas foram testados. NENHUMA INFORMAÇÃO é dada sobre as potências de tais fornos. De acordo com o gabarito oficial o forno mais eficiente foi aquele que forneceu a maior quantidade de energia em menos tempo. Ora, fornecer a maior quantidade de energia em menos tempo apenas informa que tal forno tem a maior a potência de saída de micro-ondas; esta quantidade de energia tem que ser dividida pela energia consumida durante o ensaio, isto é, a energia que o forno recebe no mesmo tempo da rede elétrica de alimentação, para então se determinar a eficiência. Portanto o comando da questão NADA permite inferir sobre a eficiência e a alternativa C nada informa sobre a eficiência.
O Professor José Francisco Soares, diretor do INEP, em entrevista à Folha de São Paulo (17/03/2014) manifestou a intenção “de explicitar de forma organizada, em algum tipo de portal, quais são as demandas cognitivas e pedagógicas das diferentes questões das provas (…) organizar esse material com a lógica da instrução e dizer para o professor: está aqui algo que você pode utilizar”.
A incompetência na formulação das questões de Física do Enem é complementada por irresponsabilidade intelectual e pedagógica quando o INEP não se mostra disposto a alterar os gabaritos oficiais do exame. Faz-se necessária a revisão dos gabaritos, ainda que tardiamente, pois qual lógica de instrução é possível de ser indicada aos professores para as questões mal formuladas se o INEP não reconhecer os erros? Que Física se pode ensinar utilizando-se questões com graves erros conceituais, se estes não forem identificados, reconhecidos e devidamente corrigidos?
Vide mais sobre o tema em Manifesto sobre a qualidade das questões de Física no ENEM e Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM): Uma análise crítica.
Outras postagens do CREF tratando das terríveis questões do ENEM: Questões do ENEM, vestibulares, concursos
“Docendo discimus” (Sêneca)
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