Por que a Lua fica laranja às vezes?

14 de fevereiro, 2012 às 18:29 | Postado em Astronomia, Atmosfera, Lua, Óptica

A Lua às vezes fica alaranjada. Gostaria de saber a razão.

Pergunta originalmente feita em: http://br.answers.yahoo.com/

A Lua é amarelada (vide as fotos da figura do nosso artigo, abaixo apresentadas) e até alaranjada quando se encontra baixa no céu, tornado-se branca quando está alta no céu. Tal se deve ao “espalhamento de Rayleigh” que ocorre com a luz branca na atmosfera terrestre, proveniente do Sol e refletida pela Lua, e que também explica porque o céu é azul.

O texto abaixo foi retirado do nosso artigo As cores da Lua Cheia (em coautoria com a Profa. Maria de Fátima do IF-UFRGS), encontrado na íntegra com figuras e fotografias, no endereço referido abaixo.

“A atmosfera terrestre, fortemente iluminada pela luz branca do Sol, espalha preferencialmente luz com freqüências próximas à da cor azul, em todas as direções. Este tipo de espalhamento é denominado de ESPALHAMENTO de RAYLEIGH, e acontece quando as partículas que interagem com a luz têm um tamanho muito menor do que o comprimento de onda da luz, que é o caso das moléculas de oxigênio (O2) e nitrogênio (N2) da atmosfera terrestre. Portanto a luz espalhada pelas moléculas do ar é muito mais azulada do que a luz que sobre elas incidiu. Desta forma, de qualquer ponto do céu iluminado com a luz solar, chegará luz azulada aos nossos olhos e veremos o céu azul.

Para explicar a cor que o Sol (ou qualquer astro) apresenta, interessa conhecer a luz que, proveniente do astro, é transmitida (não espalhada) através da atmosfera até o local da observação.

A intensidade de luz solar espalhada, além de depender do comprimento de onda, é influenciada pelo comprimento do trajeto que a radiação percorre ao atravessar a atmosfera. Ao entardecer, quando o Sol se encontra próximo ao horizonte, a luz solar deve percorrer um caminho mais longo na atmosfera do que quando o Sol se encontra elevado no céu. A luz proveniente do Sol (ou de qualquer outro astro) deve, quando se encontra no zênite, atravessar a menor extensão de atmosfera para chegar à superfície da Terra; quando o astro se encontra no horizonte, a luz que ingressa na atmosfera percorre uma distância muito maior até chegar à superfície da Terra. Se tomarmos a espessura da atmosfera como sendo cerca de 100 km, a luz do Sol nascente ou poente deve atravessar cerca de 1000 km de atmosfera para chegar até a superfície da Terra.

Desta forma, conforme o Sol esteja mais próximo do horizonte, tanto mais luz é ESPALHADA, retirando assim da luz branca preferencialmente a radiação nas freqüências próximas à da cor azul. A luz transmitida (não-espalhada), por ter perdido parte das componentes com freqüências mais altas, se apresentará mais amarela, podendo atingir a tonalidade de laranja e até de vermelho. Isto explica porque a cor do Sol muda do quase branco quando se encontra elevado no céu para os tons avermelhados característicos do nascente ou poente. As partículas de poeira, poluição, particulados lançados na atmosfera por queimadas, também contribuem para o avermelhamento do Sol pois também espalham mais a luz azul do que a luz vermelha. Esse efeito se soma ao espalhamento pelas moléculas de gás, de forma que, quanto mais poeira houver na atmosfera, mais vermelho será o Sol no crepúsculo.” (Extraído do artigo AS CORES DA LUA CHEIA – ResearchGate)

Durante os eclipses totais da Lua, ela pode se apresentar com tonalidades amarelo-alaranjadas (conforme a fotografia do nosso artigo, abaixo apresentada) ou até assumir tons marrons. Em Sombra da Terra e Eclipse Lunar encontrarás a explicação desse interessante efeito.

  Este tema também está desenvolvido em  As cores da super Lua

Mais sobre a Lua em

Razão entre o diâmetro da super lua pelo diâmetro da mini lua

Lua cheia nascente se apresenta objetivamente MENOR do que quando elevada embora tenhamos a ilusão de que ela é maior!

TAMANHO DA SUPERLUA

“Docendo discimus.” (Sêneca)

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Prof. Alexandre Medeiros –  Ótima explicação baseada no espalhamento da luz,Fernando. Poderia se acrescentar um EXPERIMENTO SIMPLES no tratamento do assunto que vise demonstrar como a atmosfera funciona como um filtro que remove algumas cores do espectro permitindo, ao mesmo tempo, que outras a atravessem. Evidenciar que quando a luz branca do SOL atravessa o ar, apenas as luzes de frequência associada ao vermelha laranja e amarela cheguem do outro lado. Eis o EXPEIMENTO: 1. Pegue um recipiente fundo de vidro como esses de bater bolo em batedeira, uma lanterna e coloque água no recipiente. Ligue a lanterna, acima do recipiente, na direção da água de modo que a luz o atravesse na diagonal. Observe a COR da mancha luminosa. 2. Agora adicione metade de uma colher de chá de leite à água e misture bem. 3. Mais uma vez, acenda a lanterna, inclinando-a na diagonal. QUAL a COR da mancha luminosa , agora, no fundo do recipiente? Isso pode evidenciar a explicação que já trabalhaste, Fernando; ou seja a de que as minúsculas partículas de gordura que agora estão poresentes no leite espalham as luzes de frequências assoociadas ao azul e ao verde mais que as outras cores. O mesmo acontece com as frequências associadas ao azul e ao verde da luz do Sol ao atravessarem o ar. Recordações de minhas aulas de Instrumentação para o Ensino na qual eu tentava contextualizar de um modo experimental e simples, várias coisas da Física do Cotidiano como um forma ativa, divertida e eficiente de tornar a aula menos chata apenas de giz e quadro negro. 🙂

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