Para onde apontam as antenas parabólicas que recebem sinais de televisão?
17 de agosto, 2017 às 21:11 | Postado em Forma da Terra, Mítica Terra Plana, Óptica geométrica, Radiação
Respondido por: Prof. Fernando Lang da Silveira - www.if.ufrgs.br/~lang/Prof. Lang
Um bom tema é as antenas parabólicas de tv. Eu vi um idiota escrevendo que se satélites existissem mesmo as antenas deveriam ser apontadas LITERALMENTE na vertical, e não na diagonal, tanto no Maranhão como no Rio Grande do Sul.
Este tema já foi discutido em outras postagens do CREF, motivadas por afirmações semelhantes sobre a inexistência de satélites em geral. Os ignorantes defensores da Terra Plana, que acreditam que o Sol e a Lua descrevem órbitas paralelas à superfície do mundo mítico a poucos milhares de quilômetros de altitude, por razão óbvia negam que satélites existam. Duas postagens especificamente trataram do tema: Satélites de telecomunicações não existem, afirmou um aloprado terra-chato! e AS ATUAIS TECNOLOGIAS DE TELECOMUNICAÇÕES EVIDENCIAM A ESFERICIDADE DA TERRA.
As antenas parabólicas que vemos apontadas para o céu recebem sinais oriundos de satélites geoestacionários, isto é, que descrevem uma volta em torno da Terra enquanto a Terra completa um giro em torno de seu eixo, portanto em um dia. Para que um satélite seja geoestacionário é necessário também que ele esteja em uma órbita contida no plano equatorial da Terra a 35,8 mil quilômetros de altitude (cerca de 5,6 raios terrestres). Vide Plano da órbita do satélite geoestacionário e Elevação sobre o horizonte do satélite geoestacionário.
Como um satélite geoestacionário somente pode irradiar para uma parte do planeta, existe um cinturão deles permitindo a cobertura de todo o planeta (exceto em latitudes próximas do polos como adiante se discute). Cada um dos satélites se situa sobre um particular meridiano terrestre e a identificação de cada um deles refere inicialmente a longitude do seu respectivo meridiano conforme pode-se notar na longa lista da Wikipedia: List_of_satellites_in_geosynchronous_orbit.
A figura 1 representa esquematicamente a Terra, um satélite e a direção da qual chega a radiação eletromagnética por ele emitida em um ponto da Terra na mesma longitude do satélite.
Percebe-se facilmente que a direção de incidência da radiação na superfície da Terra depende da latitude e somente no equador terrestre ela pode incidir verticalmente. Ou seja, somente no equador podem ser encontradas antenas “apontadas LITERALMENTE na vertical”. Em outro qualquer ponto da Terra a antena deverá ser convenientemente orientada tanto em relação ao plano horizontal, quanto em relação a direção norte-sul geográfica.
Se o satélite de interesse se encontra na mesma longitude da antena, a radiação incide segundo a INCLINAÇÃO MÁXIMA indicada no gráfico da figura 2 e é proveniente exatamente do norte (sul) no hemisfério sul (norte). Além de 82 graus de latitude todos os satélites geoestacionários ficam abaixo da horizontal.
Caso o satélite de interesse não esteja na mesma longitude da antena, a radiação chegará na superfície do planeta segundo um ângulo de inclinação MENOR do que a inclinação máxima indicada na figura 2. Adicionalmente a antena não apontará na direção norte-sul, podendo ter uma orientação muitos graus diferentes desta linha.
A orientação de uma antena pode ser determinada com o “Satellite Finder / Dish Alignment Calculator with Google Maps” (“Buscador de satélites / Calculador do Alinhamento da Antena com Google Maps”) que utilizarei para exemplificar concretamente esta discussão.
Vou considerar uma antena parabólica na cidade de Ushuaia, Argentina, portanto a 55 graus de latitude sul e 68 graus de longitude oeste. De acordo com o gráfico da figura 2 a radiação eletromagnética provinda de um satélite estaria no máximo inclinada 27 graus com a horizontal. Se o satélite de interesse é o 119W DirecTV 7S (portanto sobre o meridiano de 119 graus oeste), a radiação chega inclinada apenas 13 graus com a horizontal. Vide Antenas parabólicas apontando para o chão em Ushuaia!?
Em Porto Alegre, que se situa a 30 graus de latitude sul e 51 graus de longitude, no máximo a radiação oriunda em um satélite geoestacionário incide a 55 graus de inclinação. No prédio ao lado do edifício onde moro existe uma antena parabólica orientada para captar a radiação do satélite 51W ECHOSTAR que incide segundo o ângulo 53 graus; a antena está orientada a aproximadamente 30 graus norte, no quadrante nordeste.
Em São Luiz do Maranhão, que se situa quase no equador pois está a 2,5 graus de latitude sul e 44 de longitude oeste, no máximo a radiação oriunda em um satélite geoestacionário incide a 88 graus com a horizontal, portanto quase na vertical. A radiação do satélite 51W ECHOSTAR incide a 70 graus com a horizontal e vem do quadrante noroeste a 37 graus norte.
Desta forma fica evidenciado que antenas parabólicas em posições diversas ao redor do globo têm orientações que dependem da localização da antena e do satélite visado. Somente próximo ao equador é que podem existir antenas “apontadas quase na vertical”. E mesmo em pequenas latitudes é possível, dependendo do satélite de interesse, que a radiação incida segundo ângulos mais próximos da horizontal conforme é possível calcular com o “Satellite Finder”.
Comentários adicionais sobre os delírios terraplanistas relativos às antenas:
A alegação de que as antenas parabólicas que recebem os sinais de TV estejam apontadas para alguma torre é insustentável pois todas as antenas de uma cidade que recebem sinais oriundos de um particular satélite estão orientadas (quase) segundo o mesmo ângulo com a horizontal e com a direção norte-sul. Adicionalmente, uma elevação de apenas 20 graus com a horizontal implicaria que uma torre localizada a apenas 1 km da antena devesse ter a altura enorme de 360 metros. As antenas estão orientadas para o céu e isto não implica em “apontadas LITERALMENTE na vertical”.
Um vídeo esclarecendo sobre a falácia dos terra-chatos sobre o uso de balões na transmissão de sinais de TV: Projeto Loon Parte 1 – Captura do sinal por parabólicas (refutando o mito da terra plana).
Outras postagens relacionadas à esdrúxula e anacrônica Terra Plana: Mítica Terra Plana.
“Docendo discimus.”(Sêneca)
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O dia que eu ver imagens ou videos reais de um satélite, ai sim vou acreditar que eles existem, mas enquanto isso é tudo blá, blá, blá o que você escreveu ai em cima…
Problema teu se queres continuar na ignorância! Abaixo fotos colhidas por um astrônomo amador da ISS.
Ricardo, você nunca viu a eletricidade que existe em uma tomada na parede de sua casa. Já tentou olhar dentro da tomada para ver se toda a eletricidade que vai usar está armazenada lá dentro? No entanto, acredita que a imagem da Tv existe, que as lâminas do liquidificador giram, que a geladeira resfria, tudo em função da eletricidade (que vc nunca viu)…Assim como os satélites, vc não vê, mas podem ver as imagens que chegam até sua tv por meio deles.
Excelente! Até um burro terraplanista pode entender.
Eu nunca avistei um satélite no céu, em 2020 nos deveríamos avistar milhares
Aqui podes aprender como observar satélites: Enxergando satélites!
professor Lang, agradeço pelas explicações parabéns pela paciência em explicar.Tenho uma antena sta.rita de 5 mt.s .consigo captar 14 satélites geoestacionários todo mecanismo de rastreio caseiro acionado por motor de maq,de lavar ,a antena tem ajuste de off-set para ajuste a orbita polar a leste consigo captar Russia e africa somente dois satélites a leste,estou a 23 graus sul e 46 oeste São pulo, Sera que estou perdendo algum satélites a leste? com essas minhas coordenadas? sera que a pessoa que o contesta sabe o que vem a ser ajuste de off-set?Admirado pela sua paciência .
Os negacionistas são apedeutas também.
Acho que podes verificar a possibilidade de captar mais satélites com o Satellite Finder.
Informo aos interessados no assunto que estou divulgando o meu trabalho sobre ANTENAS MOTORIZADAS PARA BANDAS C, KU e KA, no Facebook, You tube, inclusive projetos de montagem caseira, equipamentos e manutenção. Os projetos se baseiam no uso de uma BASE POLAR ou adaptador Polar, equipamento interligado a uma antena parabólica que a posiciona conforme ângulo definido, “rastreando os satélites” geoestacionários no cinturão de Clark. Obs, Impossível para que observam uma antena motorizada em funcionamento acreditarem que a terra é plana.
A crença em uma Terra Plana decorre de puro fundamentalismo religioso e não há qualquer argumento teórico ou observacional que apoie este exercício de dissociação cognitiva.