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Inércia, ovo cru e ovo cozido

Meu professor de física me passou a noção de que a medida da inércia de um corpo é dada pelo valor de sua massa. Sobre esse conceito pergunto: Ao girarmos um ovo cru e um ovo cozido eles param em tempo bem diferentes. Já que a massa não muda devido ao cozimento, deveriam eles conservar seu movimento (sua inércia) de forma igual e parar juntos. Por que isso acontece, professor?

Respondido por: Prof. Fernando Lang da Silveira - www.if.ufrgs.br/~lang/

O tempo de parada dos dois ovos depende da energia cinética que ambos adquirem. Um ovo cru, devido ao fato de que o seu conteúdo é um fluido, permite que se gire a casca com pouca transferência de energia cinética às suas partes internas.  Ou seja, as partes internas  não adquirirem a mesma velocidade rotacional da casca.

Quando o ovo é cozido, os fluidos (clara e gema) se transformam em sólidos. No ovo cozido, ao giramos a casca, todo o conteúdo gira junto, de forma solidária, e desta forma se consegue transferir mais energia cinética para ele do que quando está fluido.

Além de o ovo cozido ter mais energia cinética do que o ovo cru após o impulso inicial, há ainda outro efeito importante. No ovo cozido a dissipação de energia cinética somente acontece devido ao atrito da casca sobre a superfície sobre a qual ela gira. No ovo cru, dado que os fluidos internos giram com velocidade angulares diversas, há movimento relativo entre porções internas aos fluidos que então se atritam mutuamente, possibilitando que parte da energia cinética seja dissipada internamente e não apenas no atrito da casca com a superfície sobre a qual ela gira.

Sintetizando, o ovo cru recebe menos energia cinética do que o ovo cozido e também dissipa internamente parte desta energia recebida.

Portanto este experimento é inadequado para comparar a massa (inércia) dos dois ovos pois o tempo de parada de ambos depende de diversos fatores não relacionados com a massa.

Postagem tratando de tema relacionado: Rolamento na rampa de duas latas: uma lata com líquido e a outra congelada!

“Docendo discimus.” (Sêneca)

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