Imagem real na frente da colher pode ser vista?
3 de abril, 2014 às 7:31 | Postado em Óptica geométrica
Respondido por: Prof. Fernando Lang da Silveira - www.if.ufrgs.br/~lang/Professor, ao estudar os casos possíveis de imagens me deparei com uma dúvida.
Ao olhar para uma colher na parte “côncava” dela, verifico se estiver longe, verifico minha imagem invertida e menor que o objeto, assim como em um espelho esférico côncavo quando estamos em distâncias maiores que o raio de curvatura, porém, na imagem da colher eu enxergo a minha imagem. Consigo ver os 5 casos do espelho esférico, na colher. A minha pergunta é se as imagens que vejo dentro da colher são reais ou virtuais (Até antes do foco). Grande abraço
Uma concepção equivocada sobre imagens reais é que elas somente poderiam ser vistas sobre anteparos.
Somente percebemos imagens reais em nossa retina! Ou seja, o nosso acesso acesso visual ao mundo fora de nós é através de imagens dentro nós, imagens em nossa retina.
Para termos uma imagem na retina a luz proveniente de algum objeto deve chegar ao nosso olho. E objetos para o nosso olho podem também ser imagens conjugadas por sistemas refletores ou/e refratores externos ao nosso olho.
O caso conhecidíssimo é o do espelho plano. Quando nos postamos em frente a um espelho plano “nos vemos no espelho”, isto é, o espelho conjuga uma imagem de nosso corpo (ou de outros coisas nas imediações) e esta IMAGEM é um OBJETO para nosso olho. Por sua vez nosso olho conjuga uma imagem em nossa retina e então “nos vemos no espelho“. A imagem que é objeto para o nosso olho se encontra do outro lado do plano do espelho plano, sendo portanto uma imagem virtual. Que de fato esta imagem está do outro lado do espelho discuto teoricamente e comprovo experimentalmente em outra questão do CREF: Conjugação de imagens em espelhos planos .
Imagens reais conjugadas por algum sistema óptico podem também ser objetos para nosso olho e então as enxergaremos.
A parte côncava da colher em bom estado e polida é um espelho côncavo. Se o objeto estiver a uma distância da colher maior do que a distância focal deste espelho, o espelho conjugará uma IMAGEM REAL, INVERTIDA, a uma distância da colher maior ou no mínimo igual à distância focal, portanto, na frente da colher. E esta imagem real pode ser objeto para o nosso olho; então enxergaremos algo, nunca dentro da colher, mas na sua frente.
Portanto o que percebes em tal circunstância é uma imagem real conjugada pela colher, na frente da colher!
Para demonstrar experimentalmente que uma imagem real pode ser vista, na frente do sistema óptico que a conjuga, idealizei e realizei algumas fotografias. Usei como lente convergente um recipiente caseiro “esférico”, um jarro para água. O olho foi substituído por uma câmera fotográfica. A figura abaixo indica a posição do objeto, da lente, da imagem conjugada pela lente e da câmera fotográfica.
O objeto era uma etiqueta escrita com a palavra Óptica.Na parte superior do jarro havia outra etiqueta escrita com a palavra Óptica, repetida diversas vezes em tamanhos diferentes conforme a fotografia abaixo.
Quando a etiqueta na parede é postada atrás da lente, a imagem real, invertida, ocorre na frente do jarro. Com a câmera ajustada para obter a foto nítida da palavra Óptica na frente do jarro, o restante da paisagem (jarro, etiqueta no jarro), aparece não nítida, desfocada conforme a figura abaixo.
Finalmente, se a câmera é regulada para que a etiqueta no jarro apareça nítida, a imagem real, invertida, na frente da jarra, ocorre desfocada conforme a foto abaixo.
Desta forma fica demonstrado que a imagem real pode ser vista, sem auxílio de algum anteparo, e que se encontra em um local onde nada de material existe (exceto o ar).
Poderás encontrar apresentações que ilustram as imagens que lentes que conjugam nos endereços seguintes:
Uma conhecida situação onde ocorre uma imagem real em um local fora do sistema óptico refletor é apresentada no vídeo do Mago da Física intitulado Imagem Projetada 3D (Ilusão de Óptica)
Outras questões do CREF envolvendo temas relacionados com este se encontram em: Lente convergente.
“Docendo discimus.” (Sêneca)
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Olá!
Tive a mesma dúvida, porém ela ainda não foi sanada.
Se utilizarmos daquele desenho que sempre é feito na identificação de onde será formada a imagem em sistemas ópticos, 2 raios serão traçados do objeto real, serão refletidos e irão convergir em um ponto, o qual identificará a imagem real. Porém, até chagar aos olhos ou á lente da câmera, esse raios se separam do ponto onde se encontraram e vão para outras direções, as quais são diferentes, o que não permitiria que víssemos a imagem real.
Como é então que conseguimos ver a imagem real, já que os raios que determinam o local em que se forma a imagem real não se encontram/cruzam na retina, mas sim fora dela?
Para lente do nosso olho a imagem real na frente da colher é um OBJETO REAL. A lente do nosso olho conjuga uma imagem real deste objeto (imagem na frente da colher) sobre nossa retina e então vemos. É importante enfatizar que somente enxergamos imagens reais sobre nossa retina. Sugiro que estudes o conceito de imagens como objetos para outros sistemas ópticos. Talvez os artigos indicados a seguir te auxiliem nesta compreensão:
Uma dificuldade recorrente em óptica geométrica: uma imperceptível descontinuidade de imagem na lupa
O que vemos quando nos miramos em um espelho côncavo?