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Garrafa pet no braseiro não derrete e água ferve!

Professor, como se explica fisicamente o fato de ser possível ferver água dentro de uma garrafa pet, jogando-a no fogo, sem que o plástico derreta?

Presenciei em um churrasco no interior o assador ferver água para o chimarrão fazendo isso, e o plástico da garrafa mesmo estando em contato com o fogo não derreteu. Por que?

Respondido por: Prof. Fernando Lang da Silveira - www.if.ufrgs.br/~lang/

A temperatura de fusão do plástico da garrafa PET é cerca de 260 graus Célsius e, como bem sabes, a água ferve 100 graus Célsius.

O carvão apresenta calor específico pequeno quando comparado ao da água e é péssimo condutor térmico.

A introdução da garrafa PET com água no braseiro de carvão determina que as brasas em contato com a garrafa, cedendo energia à garrafa, quase se apaguem então. É possível observar que os pedaços de carvão em contato direto com a garrafa ficam escurecidos, indicando que ali a temperatura é bem mais baixa do que no restante do braseiro. Uma lata com água, colocada no meio do braseiro,  é um procedimento antigo utilizado por assadores  para amainar o braseiro.

Daí para diante a energia incidente na garrafa, principalmente por radiação (convecção também ocorre mas é prejudicada pelo fato que a garrafa estar no fundo, junto ao braseiro), é absorvida pela garrafa, aquecendo lentamente a água sem que a superfície externa da garrafa atinja o ponto de fusão do plástico.

Quando  vês a água entrar em ebulição, a temperatura lá dentro da garrafa é 100 graus Célsius e na superfície da garrafa é bem maior, entretanto inferior a 260 graus Célsius. O plástico somente derreterá neste ambiente do braseiro quando não houver água no interior da garrafa.

Assim a explicação deste interessante efeito passa pelo fato de o carvão ter calor específico pequeno quando comparado ao da água, ser péssimo condutor, resfriando-se em contato direto com a garrafa,  e que o banho energético ao qual a garrafa está submetida se deve principalmente à irradiação térmica efetivada pelo braseiro.

Vide também O “mistério” do saco plástico com água apagando o braseiro.

NOTA: Eu não tomaria água desta garrafa pois o plástico aquecido pode liberar substâncias prejudiciais à nossa saúde. Um verdadeiro absurdo é a feitura de arroz em garrafas pet conforme se vê no vídeo www.youtube1https://www.youtube2

O analfabetismo científico patrocina a feitura de costela na garrafa pet: https://www.youtube.com/watch?v=3XzBntbvuNM

arroz_per

Sobre embalagens de plástico e risco para a saúde: http://www.personare.com.br/embalagens-plasticas-na-berlinda-m1711

“Docendo discimus.” (Sêneca)

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Comentário no Facebook entre 08/09/2017 e 12/09/2017

Prof.  Emmanuel Marcel Favre-Nicolin       O artigo “Embalagens plásticas na berlinda” (http://www.personare.com.br/embalagens-plasticas-na-berlinda-m1711 ), citado, tem um provável equívoco pois associe o PET ao bisfenol A (BPA). O BPA é encontrado nos plásticos número 3 (PVC), 6 (policarbonato, o pior!) e 7, o polistireno. Por exemplo, processar líquidos quentes num liquidificador com copo de policarbonato não é uma boa ideia. Escrevi um artigo mais completo sobre produtos tóxicos e potencialmente tóxicos no meu blog (http://vitoria-sustentavel.blogspot.com.br/2014/01/introduzindo-o-principio-antitoxico.html ). Nesse artigo também escrevi sobre o suposto vilão das garrafas PET é o ANTIMÔNIO que é usado como catalisador na forma do óxido Sb2O3. Nessa forma, o antimônio é cancerígeno em ratos (ver https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/12257/12257_4.PDF) e foi classificado como suposto carcinógeno humano (classificação 2B de carcinógeno da OMS). Na forma metálica, o antimônio também é tóxico. O seguinte resumo (http://seer.unipampa.edu.br/index.php/siepe/article/view/7359 ), mostra as taxas com que a concentração de antimônio aumenta no líquido quando a temperatura da água é aumentada. Vale a pena conferir.

Vicente Fróes Moritz  – Quimicamente o PVC não tem bisfenol A, porque é constituído somente de cloro, carbono e hidrogênio. O plástico identificado pelo número 6 é o poliestireno (PS) dos copinhos plásticos descartáveis e do isopor, e também não contém bisfenol A. A família dos policarbonatos é identificada pelo número 7 (outros plásticos – junto com o acrílico e o nylon, por exemplo) e pode sim conter resíduos de bisfenol A. Entretanto, como disse o professor, qualquer material plástico contém uma série de substâncias potencialmente tóxicas e cancerígenas que são liberadas com facilidade quando os plásticos são aquecidos. Por isso, evito aquecer qualquer plástico, mesmo aqueles ditos “seguros para microondas”.

Obs. Sou estudante de graduação em Engenharia de Materiais na UFRGS.

Mauro Hoffmann – Não gostaria de polemizar o assunto; mas , o PET é inerte mesmo à altas temperaturas.  retanto, acho uma nojeira “arroz de garrafa”. Vide Estabilidade de embalagens.

Emmanuel Marcel Favre-Nicolin Nesse outro artigo (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/), foram obtidos resultados mostrando que a concentração em ftalatos de água mineral aumenta mesmo a temperatura ambiente. A temperatura não teria efeito significativos. O artigo identificou o DEHP, um vilã muito conhecido para a saúde encontrado em cosméticos, remédios, em material hospitalar etc…, e que provocou grandes debates nos últimos anos. O mais interessante é a crença na perfeição das embalagens de plástico por quem é da área mas felizmente a falsificação desta ideia é relativamente fácil nesse caso. Basta pesquisar PVC e BPA no google acadêmico para encontrar pesquisas que estudem isso.
Por exemplo, esse artigo (https://www.tandfonline.com/) estuda o bisfenol A em filmes de PVC que é talvez o PVC que mais tem probabilidade de entrar diretamente em contato com alimentos e transferir ele neles. Os efeitos adversos do BPA sobre a saúde não é o assunto principal dessa discussão mas o assunto é sério e em particular acredita-se que o bisfenol tem efeitos adversos mesmo em concentrações pequenas. É um pertubador endócrino.
Segue o final do resumo de um artigo de revisão sobre o assunto:
“o presente estudo indicou que o BPA causa efeitos adversos de infertilidade no homem e na mulher, além de acarretar riscos ao meio ambiente. Permitindo-se concluir que existe a necessidade de novas políticas públicas sobre seu uso e novos estudos sobre seus efeitos”.
http://revistaseletronicas.fmu.br/

Visualizações entre 27 de maio de 2013 e novembro de 2017: 15775.


3 comentários em “Garrafa pet no braseiro não derrete e água ferve!

  1. Fernando Kokubun disse:

    Talvez a questão mais importante não seja a de aquecer a garrafa PET, mas algo que não percebemos: a presença de resíduos plásticos na água dentro das garrafas.

    O estudo não conclui qual seria o problema que essa quantidade de plaśtico ingerida pode causar no ser humano, mas faz um alerta sobre o assunto.

    http://www.bbc.com/news/science-environment-43389031

  2. Ada pedreira s disse:

    Há vídeos também com sacolas plásticas de mercado para apagar o carvão. Qual a temperatura de fusão delas?
    Achava que por ser um plástico fino iria derreter com a brasa…

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