Capacitor: como explicar o processo de carga!
30 de julho, 2020 às 11:58 | Postado em Corrente contínua e alternada, Eletrostática
Respondido por: Prof. Fernando Lang da Silveira - www.if.ufrgs.br/~lang/Professor Lang, boa tarde! Minha dúvida é a seguinte: quando se vai analisar o processo de carga em um capacitor de placas paralelas, é certo dizer que a placa conectado ao terminal positivo, perderá elétrons até que se iguale ao potencial positivo e que a placa conectada ao terminal negativo receberá elétrons até obter um potencial igual do terminal negativo? Ou o correto de falar é pensar na d.d.p., enquanto o capacitor está sendo carregado, a d.d.p. entre suas placas é menor que a d.d.p. da bateria e após o carregamento completo o capacitor passa a ter a mesma d.d.p. da bateria? Sobre os capacitores ainda, por que surge a corrente, mesmo que temporariamente, se o circuito está aberto? Imaginando um circuito aberto, sem a presença do capacitor, imagino que o fio tenha uma capacitância desprezível, mas levando essa capacitância em consideração, seria certo dizer que num circuito com uma bateria e uma chave aberta, surgiria uma corrente temporária até que os terminais do circuitos aberto tivessem a mesma d.d.p. da bateria? Desde já, agradeço.
Obs.: O meu primeiro questionamento surgiu pelas diferentes explicações que encontramos nos livros, sobretudo os de ensino médio.
Nos condutores que conectam o capacitor à fonte haverá corrente elétrica (cargas elétricas em movimento de deriva) enquanto no interior dos mesmos o campo elétrico não é nulo. A corrente cessa quando não mais existir campo elétrico em qualquer ponto interno ao condutor (esta é a condição de equilíbrio eletrostático), o que é equivalente a dizer que entre dois pontos quaisquer desse condutor não existe diferença de potencial elétrico e que, portanto, o potencial na placa é o mesmo que o potencial no terminal da fonte; então a ddp elétrica entre as placas é a mesma que entre os terminais da fonte. Nota que estas considerações independem da geometria das placas.
É importante notar que na superfície dos condutores em equilíbrio eletrostático ou conduzindo correntes pode haver excedentes de carga e de fato eles existem conforme foi discutido em A razão do “esquecimento” do campo externo aos condutores com corrente elétrica.
De fato o modelo para uma chave aberta é um capacitor de baixíssima capacitância e portanto estará em equilíbrio eletrostático depois de algum tempo. Durante o tempo em que a chave se carrega existem correntes no circuito que cessam quando a distribuição de carga superficial atingir a configuração capaz de anular os campo internos aos condutores ligados à chave. Tudo isso vai ao encontro de que há muito mais acontecendo em circuitos simples do que usualmente é abordado em textos sobre o tema.
Há diversas postagens no CREF sobre este tema que podes encontrar a partir da postagem supracitada ou usando palavras chave no pesquisar do CREF. Além disso podes consultar o artigo seguinte:
Tensão e cargas superficiais – o que Wilhelm Weber já sabia há 150 anos.
“Docendo discimus.” (Sêneca)
Muito bem explicado.
Uma coisa é a análise de circuitos elétricos em regime permanente e outra análise, muito mais complexa, a dos regimes transitórios.
Um aspecto importante que talvez seja interessante deixar explícito aqui é o tempo de carga que vai depender da resistência do circuito, para um circuito série. Se essa resistência é muito pequena, a tendência é o tempo de carga ser muito curto pois haverá uma corrente elétrica alta. Se a corrente é alta, os elétrons carregam rapidamente o capacitor. Maior corrente significa maior quantidade de elétrons chegando por segundos ou unidades de tempo. Se a corrente é maior, este é carregado mais rapidamente. Isso quer dizer também que a voltagem é alcançada mais rapidamente. Se a resistência é grande ao contrário a corrente será menor e o processo de carga, mais demorado.
Obrigado, Professor Lang. Esclarecedora a resposta.