Automóvel em contato com fios de alta tensão
11 de março, 2019 às 16:21 | Postado em Corrente contínua e alternada, Eletricidade, Eletrostática
Respondido por: Prof. Fernando Lang da Silveira - www.if.ufrgs.br/~lang/Professor Lang, boa tarde! Estive lendo recentemente uma matéria sobre o que fazer, quando fios de alta tensão caírem no seu carro, para se manter seguro. Eu percebi um comentário de um professor, que foi consultado para a entrevista, gostaria de saber se o que ele disse é pertinente. Ele disse que estando dentro do carro, é bom não tocar em nenhuma parte metálica do carro. Ao meu ver o potencial elétrico seria o mesmo em todo interior e carcaça metálica do carro, portanto não teria problemas encostar nas partes metálicas, está certo esse raciocínio? Na verdade, na minha concepção, poder-se-ia até, tendo o carro com a a janela aberta, encostar na lataria do lado de fora, devido ao potencial ser idêntico ao interior. Segue a matéria que comentei.
Aqui a matéria: Se fio cair sobre carro, não desça, recomendam especialistas
Observação: Eu vi os posts do site sobre gaiola de Faraday, porém não encontrei algo que respondesse a minha dúvida. Desde já lhe agradeço.
O potencial elétrico somente é constante em um condutor se ele estiver isolado e em equilíbrio eletrostático, isto é, sem correntes elétricas circulando por ele.
Caso existam correntes elétricas em um condutor, o potencial elétrico não mais será o mesmo em diferentes regiões do condutor.
Então a proteção “gaiola de Faraday” somente ocorre no caso eletrostático ou quase-eletrostático, isto é, um fio de alta tensão alternada em contato com o automóvel ainda isolado do aterramento.
Acontece que ao cair um fio de alta tensão sobre o automóvel, pode já estar havendo condução se o isolamento em relação à terra propiciado pelos pneus de borracha por alguma razão não existe (adicionalmente há a possibilidade dos pneus serem condutores conforme discutido em Eletricidade estática em automóveis). Este pode ser o caso, por exemplo, se os pneus estão molhados, ou se alguma parte metálica do automóvel toca em alguma estrutura externa, ou se os pneus incorporam em sua estrutura caminhos de borracha condutiva, com alta concentração negro de fumo (vide Conductive pathways in tire treads for reduced static charge buildup), para minimizar a inconveniente eletricidade estática acumulada no veículo automotor.
Portanto a advertência na reportagem de não encostar em qualquer parte metálica do automóvel está correta.
Aqui um texto interessante: Matemática da gaiola de Faraday.
“Docendo discimus.” (Sêneca)
Excelente explicação, acho que a beleza da Ciência está em sempre nos surpreender com as respostas e continuarmos fazendo as perguntas.
Uma dúvida que nunca consegui esclarescer: se, nessa situação descrita, eu descer do carro, pulando com as duas pernas, e cair no chão com as duas pernas, eu irei tomar choque? Pois, nessa situação, minhas pernas não estarão sob uma D.D.P.
Quanto mais distante um pé estiver do outro, maior será a ddp entre eles caso o circulem correntes no solo.
Vide a postagem Dúvida sobre a tensão de passo.
Nesse caso se o carro for atingido pelos cabos elétrico não pode tocar em nada certo e usar o celular pra chamar o socorro nO tem problema????
O aparelho celular pode ser utilizado sem problemas caso não esteja em contato com o metal da estrutura do carro.
Bom dia, e se os pneus estourar, continuam agindo como isolantes?
Se alguma parte metálica tocar o solo haverá condução.