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A LUA CHEIA do dia 25 de DEZEMBRO de 2015

O Prof. Alexandre Medeiros publicou no Facebook, a propósito da ocorrência da lua cheia no dia de Natal de 2015, o texto transcrito a seguir.

No texto o Prof. Alexandre também nos recorda que a data do Natal é uma data ARBITRARIAMENTE escolhida com o objetivo de minimizar a importante data astronômica do solstício de inverno no hemisfério norte, festejada muito antes do advento do cristianismo.

Respondido por: Prof. Alexandre Medeiros - UFRPe

Fui acordado hoje pela manhã (25 de dezembro) com um telefonema do meu amigo radialista Geraldo Freire me pedindo para comentar, ao vivo, em seu programa na Radio Jornal, o inusitado evento da LUA CHEIA que ocorre neste dia 25 de dezembro de 2015.

Após dar uma breve explicação para o referido fenômeno e tecer alguns ligeiros comentários; seguem aqui alguns comentários mais detalhados a esse respeito.

Neste mês de dezembro de 2015, a LUA CHEIA cai na sexta-feira, 25 de dezembro de 2015; o que para os cristãos é o dia de NATAL.

Para o HEMISFÉRIO OCIDENTAL da TERRA, esta é a primeira LUA CHEIA que coincide com o dia de Natal desde 1977.
Para a maioria dos que residem no HEMISFÉRIO ORIENTAL (Ásia, Indonésia, Austrália, Nova Zelândia …), a última LUA CHEIA do Natal aconteceu em 1996.

Em 1996, a LUA CHEIA ocorreu em 24 de dezembro às 20:41 (Tempo Universal ou “Universal Time”; “UT” em inglês); ou seja, no dia 25 de dezembro nesses locais, devido às necessárias correções de FUSO HORÁRIO para o estabelecimento da HORA em cada LOCAL.

Neste presente dia 25 de dezembro de 2015, a LUA CHEIA é a primeira que pode ser observada no HEMISFÉRIO OCIDENTAL no dia de NATAL, desde 1977. Nós não observaremos outra LUA CHEIA em um dia de NATAL até 2034.

Um CICLO da LUA de 19 ANOS, o chamado CICLO METONICO; é a razão para este inusitado fenômeno, como tento explicar logo abaixo. Na verdade, as FASES DA LUA “QUASE” se REPETEM nas MESMAS DATAS do nosso CALENDÁRIO baseado no ANO SOLAR (ou ANO das ESTAÇÕES), quaisquer que sejam elas e não apenas o NATAL, a cada 19 ANOS. O referido CICLO foi descoberto, ainda na Antiguidade, pelo astrônomo ateniense Meton (c. 432 aC). Cálculos de dados mais modernos mostram que as referidas 235 LUNAÇÕES do CICLO METONICO equivalem a 6.939 dias e 16,5 horas; enquanto 19 anos solares equivalem a 6.939 dias e 14,5 horas.

Este ciclo, conhecido como o CICLO METONICO, acontece porque a cada 235 LUNAÇÕES (ou mês sinódico), a LUA retorna a ocorrer na mesma FASE “QUASE” exatamente no mesmo DIA do ANO; o que equivale a um intervalo de 19 anos para ocorrer a aludida REPETIÇÃO.

Expliquemos a ORIGEM astronômica do FENÔMENO e deixemos a presença da palavra “QUASE” por conta dos desencontros entre o TEMPO LOCAL e o TEMPO UNIVERSAL.

Por um detalhe, os habitantes do hemisfério ocidental “PERDERAM” uma LUA CHEIA em um NATAL há 19 anos (1996). Em vez disso, a LUA CHEIA caiu na VÉSPERA DE NATAL. Era 24 de dezembro de 1996 quando a LUA ela atingiu a plena condição de CHEIA às 20:41 UT (Tempo Universal).

Mas, dois CICLOS METÔNICOS atrás (ou seja, há 38 anos = 2 X 19 anos) – a LUA CHEIA caiu no dia de NATAL. Essa LUA CHEIA aconteceu em 25 de dezembro de 1977 às 00:49 UT.

Astronomicamente falando, a LUA só é realmente CHEIA por um breve instante; no momento em que está OPOSTA de 180 graus ao SOL na LONGITUDE da ECLIPTICA. Devido à INCLINAÇÃO do PLANO da ECLIPTICA, essa OPOSIÇÃO se dá com a LUA ocupando quase sempre uma posição acima ou abaixo do mesmo. Se houver coincidência da posição da LUA com o referido PLANO da ECLIPTICA, teremos então um ECLIPSE.

Neste mês de dezembro, a LUA CHEIA acontece no dia 25 às 11:11 UT (no BRASIL isso equivale às 21:11 pelo Horário de Brasília).

Embora a LUA CHEIA se torne CHEIA no MESMO INSTANTE em TODO O MUNDO, o RELÓGIO lê de forma diferente o MOMENTO do referido acontecimento por causa do FUSO HORÁRIO. Em ESCALA MUNDIAL, a LUA CHEIA, na verdade vem em todas as horas ao redor do relógio. Veja o mapa mundial abaixo. A LUA CHEIA ocorre, por exemplo, antes do NASCER do SOL neste 25 de dezembro na América do Norte e ao meio-dia, na Europa e na África e às 21:11 no BRASIL.

terra_iluminada
Dia e noite os lados da Terra no instante de dezembro 2015 lua cheia

A IMAGEM do presente post mostra o DIA e a NOITE nos lados da TERRA no preciso instante em que ocorre a LUA CHEIA neste dia 25 de dezembro 2015 e que acontece às 11:11 UT (Tempo Universal). A LINHA divisória entre LUZ e SOMBRA correndo ao sul da América do Norte e ao norte da América do Sul indica o NASCER DO SOL no dia 25 de dezembro; devendo-se notar que a referida linha divisória entre LUZ e SOMBRA correndo para o LESTE (à direita no mapa) da Índia ilustra o POR DO SOL do dia 25 de dezembro.

Apenas para concluir, ainda que brevemente, este assunto; vale salientar que este fenômeno NADA tem de ESPECIAL em termos ASTRONÔMICOS e MUITO MENOS em relação aos acontecimentos terrestres; principalmente aqueles ACONTECIMENTOS envolvendo os destinos do ser humano.

Trata-se de uma mera coincidência com uma DATA ARBITRARIAMENTE ESCOLHIDA pelo homem para fazer coincidir a SUPOSTA data (na verdade DESCONHECIDA) do nascimento de um determinado homem (que para alguns é um suposto “Deus”) com a importante DATA astronômica do SOLSTÍCIO do INVERNO (início do INVERNO no hemisfério Norte; início do VERÃO no hemisfério Sul).

Muitas RELIGIÕES inventaram essa mesma MODA: MITRA, antigo “Deus” persa e HORUS, antigo “Deus” Egípcio; tiveram suas datas de nascimento propositalmente INVENTADAS para coincidirem com o SOLSTÍCIO de INVERNO; uma vez que praticamente todas as RELIGIÕES sempre estiveram ligadas ingênuas ligações dos destinos do homem com os fenômenos cíclicos astronômicos.

Outras religiões COPIARAM essa mesma INVENÇÃO, como o CRISTIANISMO e o ISLAMISMO e inventaram que CRISTO e MAOMÉ haviam nascido também nessa mesma data.

De um modo mais geral, a INEXISTÊNCIA de aludidas ligações diretas entre o COMPORTAMENTO HUMANO e as LUAS CHEIAS já foi demonstrada estatisticamente, por exemplo, em dois artigos publicados no prestigioso “British Journal of Medicine” (23 dezembro 2000) e devidamente analisada na “Scientific American” (1 fevereiro 2009) em um ótimo artigo do nosso amigo, o também físico Fernando Lang da Silveira(IF-UFRGS), publicado na prestigiosa revista “Ciência Hoje”, acessível em A Lua e os bebês.

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