Raios no mar: pode a eletricidade chegar na praia?
4 de outubro, 2010 às 12:00 | Postado em Eletricidade, Eletrostática
Respondido por: Prof. Fernando Lang da SilveiraPor que o raio qdo cai na água do mar (q é salgada e por isso boa condutora de eletricidade) tal eletricidade ñ chega até a praia?
obrigado
Para começar o raio não “cai” na água ou em qualquer local. O raio ocorre em um canal ionizado através do ar, dentro do qual a energia eletrostática armazenada ANTES da descarga é dissipada.
ANTES da descarga encontramos excedentes de carga elétrica no sistema constituído pela nuvem carregada e, neste caso, a superfície do mar. Ou seja, ANTES da descarga há cargas em excesso na nuvem (usualmente na parte baixa da nuvem aparece um excedente de carga positiva mas às vezes pode ser negativa) e outro excesso de carga na superfície do mar, tendo esses dois excedentes sinais contrários. De fato o sistema ANTES da descarga é semelhante a um grande capacitor carregado sob uma tensão que pode chegar a muitos mega volts.
Quando ocorre a descarga (o raio) há correntes elétricas muito grandes circulando por pouco tempo no canal ionizado e também em outros locais desse grande capacitor. Qualquer coisa que estiver DENTRO do capacitor é, virtualmente, candidato a participar como condutor e dissipador de energia. É importante ressaltar que quando ocorre um raio isso NÃO deve ser interpretado como tendo sido lançada carga elétrica da nuvem para dentro do mar e que, então, se espalha pelo mar. As cargas em excesso existem ANTES da descarga e esta é um mecanismo de neutralização dos excedentes de carga. DEPOIS da descarga não há mais energia eletrostática e excedentes de carga comparáveis aos que existiam antes; DEPOIS da descarga nada mais acontece em termos de condução elétrica, movimento de cargas e dissipação de energia.
Assim sendo, durante a descarga a eletricidade pode chegar até a praia, desde que A PRAIA FAÇA PARTE do grande capacitor. Aliás, é uma temeridade permanecer na praia ou dentro do mar durante tempestades. Há muitos relatos de casos de pessoas eletrocutadas em tais situações, inclusive em cima de pranchas de surf ou pequenos barcos que não possuiam para-raios. Eu conheço um caso de um pesquisador do IB-USP que foi morto eletrocutado por estar em um pequeno barco em uma praia do litoral paulista durante uma tempestade.
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“Docendo discimus.” (Sêneca)
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