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Questão sobre Óptica e Ibn Al Haytham – ENEM-2015

O Prof. Ildeu Moreira (UFRJ) comentou sobre a questão seguinte:

Entre os anos de 1028 e 1038, Alhazen (Ibn al-Haytham: 965-1940 d.C) escreveu sua principal obra, o Livro da Óptica, que, com base em experimentos, explicava o funcionamento da visão e outros aspectos da ótica, por exemplo, o funcionamento da câmara escura. O Livro foi traduzido e incorporado aos conhecimentos científicos ocidentais pelos europeus. Na figura, retirada dessa obra, é representada a imagem invertida de edificações em tecido utilizado como anteparo.

alhazen

Se fizermos uma analogia entre a ilustração e o olho humano, o tecido corresponde ao(à)
a) íris
b) retina
c) pupila
d)córnea
e)cristalino

Respondido por: Prof. Fernando Lang da Silveira - www.if.ufrgs.br/~lang/

Comentários do Professor Ildeu Moreira (UFRJ)

A obra de Ibn Al Haytham em questão do ENEM 2015. Interessante mencionar a contribuição importante deste cientista nascido no Iraque e que viveu no Egito e comemorada no Ano Internacional da Luz 2015.

Mas há algumas escorregadas históricas: 1) para Ibn Al Haytham, a parte sensível do olho era o cristalino e não a retina, como posteriormente Kepler propôs corretamente. Isto poderia ter confundido o aluno pq não está muito claro se a pergunta se refere à teoria de Al-Haytham ou à atual acerca do funcionamento do olho; 2) além disso, esta ilustração é muito posterior e não é do livro original, nem de suas primeiras traduções na Europa, como a questão sugere.

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Felipe Menegotto –  Professor, nessa questão eu discordo dos comentários acima. Acredito que o percentual de alunos que conheça os fatos históricos seja mínima e isso não tenha confundido quase ninguém. Para mim, fica bem claro que ele se refere ao tecido. Nessa questão, pode ser que a parte histórica não esteja correta, entretanto ela não dificulta o entendimento da questão. Esse tipo de deslize, em minha opinião, é aceitável, caso tenha realmente acontecido.

Ildeu Moreira –  Acho que tem razão, Felipe. Apenas chamei a atenção que poderia gerar alguma confusão, especialmente em quem conhecia a obra de Ibn Al-Haytham. Mas é também importante que o exame tenha as informações históricas corretas. Apesar disto achei a questão muito interessante e tem o valor de destacar a importância da contribuição de cientistas árabes para a ciência e estar antenada com o Ano Internacional da Luz 2015 ONU/UNESCO.

Fernando Lang da Silveira – Eu concordo com o Ildeu Moreira pois como é bem sabido as questões do ENEM são utilizadas em sala de aula e não apenas para gerar um escore de proficiência na prova. Aliás, a segunda função é tão ou mais importante do que a primeira pois baliza o ensino médio. Por isso eu também acho desejável que as terríveis questões sem resposta ou com múltiplas respostas, mesmo as dos exames passados, sejam oficialmente consideradas como descartadas pelo INEP.

Felipe Menegotto – Concordo com a questão do descarte das terríveis. Entretanto, por falta de conhecimento, não classifiquei essa questão como terrível. Eu havia classificado como uma questão interessante. Agora, já penso em rever o conceito sobre a questão. Aos poucos vou me convencendo de que ler questões do ENEM deve ser que nem jogar o jogo dos 7 erros. Mesmo que não se veja nenhum erro num primeiro momento, eles certamente estarão lá.

Fernando Lang da Silveira – Felipe Menegotto: Eu NÃO acho que esta questão seja ruim e pelo que entendi também o Ildeu Moreira a considera boa. Esta questão, envolvendo a concepção do Alhazen sobre a visão, se presta a uma interessante discussão em sala de aula, muito além do que outras questões do ENEM ensejam. Caso o redator da questão tivesse o conhecimento histórico que o Ildeu nos proporcionou, poderia colocar no comando da questão que a resposta é para ser dada em função dos conhecimentos atuais sobre o olho e visão. Bastaria uma pequena modificação no comando e tudo estaria “redondo”.

Felipe Menegotto – Valeu professores!

Alexandre Medeiros – O problema é que justamente porque provavelmente o autor da prova não conhecia a obra do Alhazen, ele cometeu essa mancada. E deste modo, um bom estudante que conhecesse a obra do mesmo (basta ter assistido alguns bons videos do You Tube) se depararia com uma dúvida: ele deveria marcar O QUE PENSAVA mesmo Alhazen ou o que provavelmente o ignorante formulador da questão talvez pensasse que era o pensamento de Alhazen? Assim fica mais complicado, pois o bom estudante teria de ser um adivinho e apenas o estudante mediano seria beneficiado por não ter tal dúvida. Desse modo, vai ficar mais difícil se preparar para o ENEM, pois para se dar bem na prova o estudante tem agora de ter um pouco de conhecimento do assunto aliado a uma boa dose de IGNORÂNCIA PROTETORA das mancadas do formulador da prova. Algo PARADOXAL!

Cícero Nascimento da Costa – Infelizmente nessa eu marquei opção E, fui na linha da concepção teórica do Ibn Al-Haytham,Alhazen, cai na pegadinha conforme o prof. Ildeu Moreira citou nos comentários. Só depois na correção extra oficial percebi a gafe. Mas, reitero que gosto e pesquiso muito história da ciência, dos cientistas e suas vidas de como conseguiram elaborar sua teorias, o que vai ao encontro do comentário do Felipe Menegotto,isto me atrapalhou. Mas foi uma falha devia ter “sacado” a pegadinha.

Outras questões do ENEM-2015 comentadas no CREF:

Acessos entre 27 de maio de 2013 e novembro de 2017: 1896.


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