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Queimadas e tempestades de raios

Boa tarde. Gostaria de saber se a fumaça das queimadas influencia nas tempestades de raios que têm acontecido sobre o RS.

Respondido por: Prof. Fernando Lang da Silveira - IF-UFRGS

A fumaça das queimadas influencia tempestades de raios.

Já em 1998 Earle Williams, segundo o MIT News,  principal cientista pesquisador do Laboratório Parsons do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental do MIT, afirmou que a fumaça dos grandes incêndios florestais que assolaram o México migrou para o vale do Rio Mississippi  “pareceu ter uma influência substancial nas características elétricas das tempestades sobre o centro dos Estados Unidos. De alguma forma, a fumaça desses incêndios alterou significativamente as características elétricas de uma ampla variedade de tipos de tempestades durante todas as fases de seus ciclos de vida.”

Em 2022 na Nature foi publicado o artigo (com acesso livre e disponível aqui) intitulado Compreendendo os elementos críticos da tempestade pirocumulonimbus provocada por incêndio florestal de alta intensidade. O resumo do artigo está transcrito abaixo.

RESUMO. Incêndios florestais de alta intensidade podem produzir emissões extremas de chamas e fumaça que se desenvolvem em uma chaminé de nuvem de fogo, atingindo a troposfera superior ou a estratosfera inferior. Denominadas pirocumulonimbus, essas tempestades são convencionais e contra intuitivas. Foi observado que elas produzem raios, granizo, riscos de vento descendente e tornados, conforme esperado com tempestades convectivas severas, mas contra intuitivamente, elas não estão associadas a precipitação significativa. Tempestades pirocumulonimbus foram notadas fora dos círculos de especialistas em incêndios florestais após o Verão Negro da Austrália em 2019/20, e desde então têm sido manchetes repetidamente nos Estados Unidos. No entanto, muito se desconhece sobre seu comportamento, energética, história e impacto no sistema Terra/atmosfera. Abordamos várias questões e desafios científicos relacionados a essas incógnitas. Nosso registro mundial de eventos pirocumulonimbus de 2013 a 2021 mostra que o fenômeno não é novo nem raro. Apesar das altas ocorrências em 2019 e 2021, esses dados não suportam a identificação de uma tendência. Estudos futuros exigem um registro expansivo da ocorrência de pirocumulonimbus global e regionalmente, tanto historicamente quanto continuamente no futuro.

Mais sobre o tema encontra-se no artigo do WCRP (World Climate Research Programme) intitulado A ligação entre pirocumulonimbus e as alterações climáticas.

“Docendo discimus.” (Sêneca)


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