Projeto de gerador de alto rendimento com baixa rotação
29 de outubro, 2014 às 20:16 | Postado em Eletricidade, Mitos, empulhações, notícias falsas
Respondido por: Prof. Fernando Lang da Silveira - www.if.ufrgs.br/~lang/Sou psicólogo e tenho um sitio nas imediações de Belo Horizonte MG. Estou com um projeto em andamento para usar em meu sitio um sistema de energia emergencial baseado em BATERIAS VEICULARES DE 12 VOLTS.
As baterias que vão ser usadas no meu sistema precisam de ser recarregadas em algum momento. E se eu estou pensando em um sistema de emergência pode acontecer de não haver energia elétrica na rede para que eu possa recarregá-las usando um motor.
Foi ai que tive a brilhante ideia de usar uma BICICLETA ERGOMÉTRICA ADAPTADA para girar um alternador e recarregar as baterias (para entender veja o video http://www.youtube.com/watch?v=PoJkgSDlwCE)
Acontece que nesta parte do projeto eu esbarrei num problema que só um bom entendedor de física poderá me responder. Por isso recorro a vocês.
Os ALTERNADORES que existem no mercado só conseguem CARREGAR baterias quando mantidos a no mínimo 1800 rpm, velocidade muito alta para se alcançar com uma BIKE. (mesmo usando multiplicadores de velocidade).Pergunta: De que forma devo modificar o rotor e o estator de um ALTERNADOR VEICULAR para conseguir gerar energia com baixas RPMs? (a dica dada pelos colegas dos videos são corretas?
http://www.youtube.com/watch?v=hJIEqVzMyIA)
http://www.youtube.com/watch?v=GHnwFe0kzwgP.s – Quero ver se minha mulher vai continuar ADORANDO a tal ERGOMÉTRICA depois que descobrir que eu estou usando ela para garar energia para o sitio…quero ver…..he..h.e..he..h.e…)
Enviei a pergunta para o Prof. Renato Machado de Brito (Escola de Engenheria – UFRGS) que gentilmente respondeu:
Caro Fernando
Este psicólogo vai precisar de uma assessoria técnica em eletricidade!
Em princípio os dois vídeos citados por ele são verdadeiros e demonstram a transformação de um alternador de automóveis para operar como gerador usando imãs permanentes de Neodímio Ferro Boro para produzir o campo magnético variável (pelo giro do rotor) e induzir tensão nas bobinas do estator.
Um alternador automotivo é normalmente construído sem imãs permanentes, mas sim com uma bobina excitada pela própria bateria do carro, produzindo campo magnético. Para excitar o enrolamento do rotor são necessárias duas escovas e dois anéis que possibilitam a energização da bobina girante.
Não sei se o nosso consultante excitou o enrolamento do rotor do alternador com uma outra bateria ou a própria bateria que seria carregada, pois mesmo em baixa velocidade geraria alguma tensão. Pode ser que tenha simplesmente acoplado o Alternador mecanicamente à bicicleta e verificado que não há geração de tensão, pensando que é só falta de velocidade…Se não excitar não gera nada, pois não haverá campo girante!!!
No estator os enrolamentos coletores da tensão induzida pelo campo magnético do rotor produzem uma tensão polifásica que é retificada por diodos presos à carcaça do alternador, convertendo tensão alternada em contínua.
São projetados para girar em alta velocidade, compatíveis com o giro de motores utilizados em automóveis e caminhões, porém geram tensão em qualquer velocidade, só que mais baixa. Mas precisam ser excitados!!!
Como a tensão gerada é proporcional ao fluxo magnético variável (v=n d[phi]/dt) onde [phi] é o fluxo e “n” é o número de espiras utilizadas no enrolamento onde a tensão é induzida, tudo é calculado para que gere algo em torno de 13,6 Volts em velocidades próximas da marcha lenta (pode ser até algo em torno de 600 rpm). Quando a velocidade aumenta, aumenta a tensão induzida, havendo necessidade de um circuito regulador que cuide de ajustar a corrente de carga nas baterias.
Colocando um pouco mais de Física: o [phi]= B.A, onde B é a densidade de fluxo produzido pelo imã e A a área da secção do circuito magnético, então:
V = n.A dB/dt
assim pelo giro o fluxo varia no tempo de forma senoidal
B= Bmax sen(wt)
então
V(t) = (NAwBmax) cos wt
Ou seja uma tensão alternada proporcional a velocidade de giro (w), ao número de espiras da bobina coletora da tensão, à Area da secção do circuito magnético mais a “força” do imã representada pela maxima densidade de fluxo ou o valor da Indução Magnética.
As modificações efetuadas pelos autores das postagens no youtube mostram a possibilidade de substituir o enrolamento de campo do rotor usando imãs permanentes girantes que podem induzir maiores tensões em velocidades mais baixas de giro (o B dos imãs é maior do que o obtido pelo enrolamento original é maior, além de não precisar de excitação).
Os dois vídeos apresentados mostram isso e é realmente possível.
Assim sendo se o objetivo é aproveitar uma bicicleta ergométrica para gerar energia e carregar as baterias, a ideia é válida. Porém bastante trabalhosa!
Também não sei quantas baterias utilizaria o “sistema de energia de emergência” que o nosso consultante construiu ou comprou. Pois para carregar uma bateria a tensão deve ser da ordem de 15 a 20 Volts, mas se forem duas já precisará de uns 30 Volts ou mais. Assim muda o projeto do carregador com alternador.
Num dos vídeos (o segundo) a modificação do alternador deixa a saída em tensão alternada, de modo que pode ser utilizado um transformador para elevar a tensão e assim até conseguir carregar um conjunto de maior de baterias. Mas antes de conectar a elas é preciso retificar a tensão alternada para contínua e ainda ter o circuito regulador de corrente de carga (que pode ser simplesmente um resistor ou um circuito eletrônico mais sofisticado).
O mais simples nos dias de hoje seria comprar um Inversor para Barco ou Camping, substituindo a bateria original por outra de maior capacidade para maior autonomia. Existem sistemas de carga das baterias pela rede elétrica ou por painéis foto voltáicos.
Mas é claro, não seria tão divertido!
Um abraço
Brito
Visualizações entre 27 de maio de 2013 e novembro de 2017: 4884.
achei muito interessante.
deu certo seu projeto? qual o valor ficou para montar tudo?
Dificilmente vais obter uma resposta pois o arquiteto nunca mais deu notícias.
Funciona, principalmente pq seria para abastecer um sistema emergencial, sendo assim usaria muito pouco, se usasse todos os dias a energia gerada poderia ser pouca, mas o uso é muito pouco e o carregamento é diário.
A partir de quantas rpm um gerador começa a produzir energia?
Depende de muitas variáveis relacionadas ao projeto do gerador.
É inviável usar alternador mesmo adaptado com ima permanente, para uso com acionamento de bicicleta, alternador por seu projeto pesa muito mais do que uma pessoa aguentaria pedalando. O ideal é usar motor de moto 100 cc acima ou motor estacionário a gasolina pequeno para acionar o alternador, carrega logo e sem transtornos.
A vantagem da esteira/bicicleta, é que não tem gastos com combustível.
Vide O milagre da pedalada.
Olá pessoal,
Montei um trenzinho para crianças, ( trenzinho do tio caco n o YouTube)
Utilizei um motor estacionário de 6,5cv,
Adaptei um alternador para acender a iluminação e som, deparei com uma perda de potência considerável, acredito em até 2 CV.
Utilizando o som , um pequeno rádio automotivo bem básico de baixo consumo.
Ao atingir uma rotação baixar o rádio para,
Outra situação está nos faróis de leds, ao acende-los a rpm despenca
Se por a bateria para carga , aí piora.
Um Eletricista me orientou a instalar um dínamo de Fusca , alegando que ele não rouba potência do motor , pois sua construção e baseada em imãs .
Pergunta, isso e verdade?
Não importando como a energia elétrica é produzida a a partir de energia mecânica, haverá “roubo” de potência do motor. Do contrário nem necessitarias do motor para a produzir energia elétrica.