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Para-raios na praia?

Boa tarde!

Por favor, preciso de uma informação. Recentemente vi uma notícia de que uma senhora morreu atingida por um raio na praia do Guarujá em SP e vi também muitas outras notícias sobre este problema, pesquisando li uma matéria neste site, o qual quero aproveitar o ensejo para parabenizá-los pelo rico conteúdo de informações e utilidade. A questão é: Seria possível a instalação de para-raios nas praias para evitar tais incidentes? Existe alguma inviabilidade técnica que impeça isto? Creio que seria algo muito interessante se pudesse ser feito, visto que certas praias ficam quase intransitáveis de tantos turistas desapercebidos, como uma das notícias que li onde 7 pessoas foram atingidas e nem tinha começado a chover, todos foram pegos de surpresa, alguns não morreram. Caso esta pergunta fuja ao escopo do objetivo deste site, por favor, solicito orientação de onde eu poderei encontrar uma resposta segura. Desde já antecipo meus agradecimentos.

Welington

 

Respondido por: Prof. Fernando Lang da Silveira - www.if.ufrgs.br/~lang/

Caro Wellington

Não sou especialista em proteção contra descargas elétricas mas vou te responder esperando que algum dos meus amigos da área se manifestem para me corrigir, complementar ou corroborar minha resposta (mais abaixo se encontram os comentários de um amigo, professor da Escola de Engenharia-UFRGS).

A proteção contra descargas atmosféricas (raios) é feita por para-raios.  Se o captor (a ponta) de um para-raios estiver elevado por uma altura H acima do nível da praia, a sua região de proteção na praia abrange, a grosso modo, uma região com raio de 1,3.H a contar da base do para raios na superfície da praia. Desta forma para dar proteção razoável em uma praia deveria ser instalada uma rede de para-raios de tal forma que um deles não estivesse a mais de 2,6.H de qualquer um dos para-raios vizinhos.

Ou seja,  em uma praia com extensão L e largura D necessita-se instalar um número N de pararaios que vale aproximadamente (L.D)/(7.H^2).

Imaginemos uma extensão de praia de 1km com largura de 100m e para-raios com o captor a 10m de altura. O número de para-raios resulta aproximadamente (1000.100)/(7.10^2)=100000/700=143 para-raios, sendo que cada um deles distaria cerca de 26m dos seus vizinhos mais próximos. Certamente um projeto como este, além de ter custo elevado, deixaria a praia com um aspecto ruim. Adicionalmente, a região de banho não estaria protegida.

Salvo melhor juízo, ainda que possível dar esta proteção, ela me parece inviável.

Todos os anos há notícias de pessoas sendo eletrocutadas por descargas atmosféricas em beira de praia, dentro do mar, em outras regiões sem proteção como campos de futebol e descampados, … .

Muitos destes acidentes poderiam ser evitados e a prevenção é uma questão educacional.  As pessoas devem saber que em circunstâncias propícias para a ocorrência de raios DEVE-SE EVITAR LOCAIS ABERTOS. É uma temeridade permanecer em espaços abertos em tais circunstâncias e em caso de tempestade não se sai de casa.

Um excelente opção em caso de tempestade é se abrigar em um automóvel pois os seus ocupantes estarão protegidos contra raios.

Outras postagens no Pergunte ao CREF sobre raios: Raios.

Um ótimo vídeo sobre raios: https://youtu.be/v-JS4SmTCAs

“Docendo discimus.” (Sêneca)

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Comentários do Prof. Renato Machado de Brito da Escola de Engenharia da UFRGS

Oi Fernando

Está perfeita a tua colocação sobre os para-raios. Antigamente  chegou-se a usar para-raios radioativos que ionizavam o ar ao redor da  ponta de modo que a cobertura aumentava um pouco. Mas foram abandonados pelo risco no manuseio e contaminação ambiente. Eu mesmo fiz projetos para empresas fumageiras lá em Venâncio Aires(com grandes pavilhões industriais) e cheguei a indicar para-raios radioativos como uma alternativa (cruzes!).

Outra solução que poderia ser usada era a de colocar uma ou duas  torres bem altas em algumas praias, de modo que houvesse uma região de proteção mais ampla que pudesse servir de refúgio temporário para  pessoas em fuga. Nos faróis de navegação, normalmente sobre partes mais altas da costa, utilizam-se para-raios que pela sua altura tem uma área de proteção na base mais ampla (de 30% em relação a altura  conforme já explicaste). Mas imagina se as pessoas não iriam subir nas torres para observar o mar…Provavelmente usariam o próprio cabo de aterramento para a escalada.

Na escola de Engenharia da UFRGS, visitei uma vez um laboratório  experimental que utilizava o “mesmo terra” do para-raios que estava bem acessível…imagina o que aconteceria se um raio caísse e  percorresse aquele condutor. Quando expliquei isso ao responsável ele  se apavorou e imediatamente mandou “fazer um terra novo” no  estacionamento atrás do Prédio.

A melhor solução é mesmo não se expor e …contar com a sorte!

Um abraço
Brito

 

Visualizações entre 27 de maio de 2013 e novembro de 2017: 3910.


5 comentários em “Para-raios na praia?

  1. Marcelo Zatin disse:

    “Na escola de Engenharia da UFRGS, visitei uma vez um laboratório experimental que utilizava o “mesmo terra” do para-raios que estava bem acessível…imagina o que aconteceria se um raio caísse e percorresse aquele condutor. ”

    E como fica a questão em que se deve equipotencializar (interligar) todas as malhas existentes?

    Grato.

  2. Edson Antônio de Melo disse:

    Já participei de instalação de “para-ráios radioativo” de tempo em uma Vila de Operadores de uma Usina Hidrelétrica no Estado de Goiás, local com muita incidência de descargas atmosféricas.
    Nas primeiras descargas, praticamente todos sofreram danos irreparáveis.
    Achamos que poderia ser a malha com aterramento ruim.
    Mas não era, e sim a qualidade do equipamento, o para-ráios, propriamente dito.
    Substituímos todos eles, o que tem garantido a proteção dos moradores até os dias de hoje, visto que foram instalados na década de 1960 e passam por ensaios periódicos para comprovar e garantir um funcionamento satisfatório.

  3. Salvador Rosa de Carvalho Júnior disse:

    Casas à beira mar estão protegidas de raios pelo fato de o mar ser um caminho preferencial para as descargas? E nesse caso, uma usina solar numa casa à beira mar, dispensa uso de SPDA no imóvel?

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