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Movimento progressivo e retrógrado: vale fazer esta classificação?

Olá professor Fernando Lang, gostaria que o sr esclarecesse por favor qual é o conceito de movimento progressivo e retrógrado. Até onde eu saiba o movimento progressivo se dá quando o móvel se afasta da origem dos eixos das posições, isto é, quando se afasta da posição r = 0 [C] (zero). Já o movimento é retrógrado quando o móvel se aproxima desta mesma origem dos eixos. Se Observarmos um caso mais particular, o MRU, a classificação do movimento é feita de acordo com o sinal da velocidade do movimento. Isto é, velocidade positiva é movimento progressivo, velocidade negativa é movimento retrógrado. Mas analisando a equação posição do MRU [r(t) = r0 vt] é possível observar o seguinte: Sempre que o sinal da posição inicial (r0) e da velocidade (v) forem diferentes haverá um trecho do movimento em que o corpo se aproxima da origem dos eixos e outro trecho em que se afasta. Logo no mesmo movimento teremos uma parte progressiva e uma parte retrógrada, mas se for classificado segundo a velocidade ele será dito somente progressivo ou somente retrógrado. Há variações e variações deste problema que apresentam esse confronto conceitual, inclusive com o MRUV e a classificação de movimento acelerado e retardado. Por favor ilumine minhas ideias e esclareça minha dúvida. Desde já agradeço!

Respondido por: Prof. Fernando Lang da Silveira - www.if.ufrgs.br/~lang/

Considero desnecessárias as definições de movimento progressivo e retrógrado. Acho que não ganhamos entendimento da Cinemática com tal semântica.  Sempre que ensinei Cinemática passei muito bem (e acredito que os alunos também) sem sequer mencionar estes termos.

Uma evidência de que considero IRRELEVANTE esta discussão está que em minha palestra “Cinemática sem fórmulas?”  não  se encontra absolutamente nada sobre isto.

Acho que há aspectos MUITO mais importantes a se discutir sobre Cinemática, por exemplo “UM INTERESSANTE E EDUCATIVO PROBLEMA DE CINEMÁTICA ELEMENTAR APLICADA AO TRÂNSITO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES – A DIFERENÇA ENTRE 60 KM/H E 65 KM/H”.

Mas se alguém acha que esta discussão é relevante (e parece que autores de alguns livros de ensino médio assim o consideram; em livros de ensino superior não tenho notícias sobre tais definições) então comecemos por analisar as definições. De uma definição  se deseja que seja útil e consistente, que nos ajude a organizar o conhecimento sobre determinado assunto e, rigorosamente, deve ser abandonada quando levar a uma autocontradição.

O que se aponta no questionamento é que DUAS definições diversas levam a classificar um dado movimento de maneira diferente, ou seja, apresentam contradição entre elas. Sendo isto correto o que devemos fazer é nos decidir por uma delas simplesmente. Qual delas? Bem, aí fica a gosto do freguês!

Algumas questões de Cinemática que julgo relevantes:

Um equívoco recorrente: A tangente do ângulo de inclinação da reta no gráfico x versus t no MRU é a velocidade

Debate com o professor – Cinemática no elevador

Velocidade média x velocidade escalar média

Variação da velocidade no MCU?   

Cinemática: significado do tempo negativo.

“Docendo discimus.” (Sêneca)

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3 comentários em “Movimento progressivo e retrógrado: vale fazer esta classificação?

  1. Zero disse:

    Parece haver uma “independência” entre o que se vê em física pelo mundo afora e o ensino médio aqui do Brasil. Essas classificações criam sub categorias de dois tipos específicos de movimento, um com velocidade, outro com aceleração constantes e isso parece ter inteção de “organizar” mas confunde todo mundo e vai na velha mania de ficar decorando coisas, decorando fórmulas e nomes (quanto menos coisas inúteis ou facilmente disponíveis precisamos memorizar, melhor). Então tem MCU, MRU, MUV, etc etc etc. Além disso ainda tem essa insistência em chamar momento de “quantidade de movimento”, que é algo até justificável e poético do ponto de vista do significado das palavras, mas é tratado como se fosse uma “grande escolha que elucida e reforça a intuição” (o que não é) e vai na contramão do que se usa mundo afora, principalmente em meios em que se faz física profissionalmente. O Brasil tem umas coisas burocráticas que parecem surgir de um desejo, uma teimosia, em viver isolado de tendências mundiais, em se cartorializar e burocratizar tudo.

  2. Prof. Fernando Lang, me desculpe por ser repetitivo, principalmente em meu primeiro comentário, mas não dá para não elogiar seu trabalho. Tenho já bastante experiência no ensino de física (mais de 30 anos) e me considero um professor privilegiado por ter tido bons professores e trabalhado em escolas muito boas, mesmo assim a descoberta do site: “pergunte ao cref” vou um verdadeiro achado e está contribuindo bastante na melhora dos meus cursos. Muito obrigado e parabéns pelo trabalho. O artigo mencionado nesse post: “UM INTERESSANTE E EDUCATIVO PROBLEMA DE CINEMÁTICA ELEMENTAR APLICADA AO TRÂNSITO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES – A DIFERENÇA ENTRE 60 KM/H E 65 KM/H”. é simplesmente uma obra prima e mudou o que eu pensava sobre cinemática e deveria inclusive fazer parte de uma campanha aqui no Brasil para redução de acidentes.
    Sou um professor de Física que sempre coloco os conceitos e as discussões teóricas na frente dos cálculos e meras aplicações de fórmulas e considerava a cinemática como uma parte bem pobre nesse sentido, discussões sobre velocidade, frenagem e acidentes são por mim trabalhados na dinâmica, com o tratamento do teorema da energia cinética, mas a possibilidade apontada nesse seu trabalho mudou isso.
    Forte abraço

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