Desmagnetização de peças metálicas

1 de outubro, 2019 às 15:33 | Postado em Eletromagnetismo, Magnetismo

Partindo da premissa que a desmagnetização em uma peça metálica ocorre quando da desorganização de seus domínios magnéticos quais as considerações aplicáveis no que diz respeito a frequência e intensidade de campo para que se consiga eliminar totalmente qualquer remanência residual ?

Em geral, uma peça de material magnético será desmagnetizada submetendo esta a um campo magnético AC (H_ac), de amplitude gradualmente reduzida a zero, após um determinado número de ciclos de histerese magnética. Não acredito que a frequência do H_ac seja importante para se atingir um estado com magnetização M = 0 (basta que esta seja suficiente para inverter completamente a magnetização quando usado o campo máximo, veja abaixo). Basta que o valor inicial de H_ac seja maior que o campo, H_s, de saturação efetiva da peça (este é o campo acima do qual ocorrem somente processos reversíveis de magnetização; também é chamado de campo de anisotropia ou de fechamento). Vale a pena salientar que, dependendo do procedimento de desmagnetização, podem existir vários estados de M = 0 (veja a referência abaixo). Entretanto, isso não deve ser muito importante para a grande maioria de aplicações tecnológicas.

Como já foi mencionado, o procedimento consiste em submeter a peça a um campo H_ac com valor inicial maior ou igual a H_s. Sua amplitude dever ser gradualmente reduzida a zero, sendo

H_ac0 = +H_s,

H_ac1 = ‒0.9H_ac0,

H_ac2 = +0.9|H_ac1|,

H_ac3 = ‒0.9 H_ac2, etc…

O processo termina quando o valor de H_ac,i se torne muito próximo da precisão em campo do equipamento usado. O fator de desmagnetização (0.9 neste exemplo) determina o número de ciclos. Éclaro que quanto menor este fator, melhor o estado desmagnetizado.

Observação: este procedimento pode não funcionar para amostras que apresentam curvas de histerese magnética retangular (e.g., filmes ultrafinos).

REFERÊNCIA: Levels of Demagnetized States, Y. Zhang and D. L. Atherton, IEEE Trans. Magn. 31, 2233 (1995).