Cabelos no ambiente de microgravidade

14 de janeiro, 2016 às 8:28 | Postado em Forças inerciais, Gravitação, Mecânica

Recentemente vi um video de uma astronauta na ISS e reparei que seu cabelo estava esticado para cima. Depois de um tempo ela abaixou o cabelo e quando o soltou ele voltou a esticar para cima. Quando a nave entra em orbita ela entra em queda livre, dessa forma não era para o cabelo permanecer no lugar ao entrar em orbita? Depois que ela o abaixou, por que ele voltou a subir ao invés de permanecer no lugar que estava? Agradeço a atenção. Link do vídeo https://m.youtube.com/watch?v=kOIj7AgonHM

De fato na Estação Espacial Internacional o ambiente é de microgravidade pois a aceleração de queda livre no sistema da EEI é (quase) nula e em consequência o peso de qualquer objeto neste sistema é (quase) nulo  – vide  Por que PESO não deve ser tomado como sinônimo de FORÇA GRAVITACIONAL? – embora a intensidade do campo gravitacional ali seja apenas um pouco menor do que na superfície da Terra, valendo cerca de 8,7 N/kg ou 8,7 m/s^2.

Há muitas postagens no CREF tratando de temas correlatos a este:

MICROGRAVIDADE: Forças de maré na Estação Espacial Internacional?

Imponderabilidade no filme GRAVIDADE: até quando é possível?

Por que a aceleração da Estação Espacial Internacional não pode ser percebida pelos tripulantes?

Astronauta fora da nave

A imponderabilidade (ausência de peso) dos cabelos da astronauta leva a que eles tenham um comportamento decidido por outras forças que lhe são exercidas. O ar é um agente capaz de exercer forças no cabelo da astronauta. Ela se encontra em uma região onde o ar flui no sentido indicado na figura abaixo, arrastando o cabelo “para cima”. Orientações como “para cima”, “vertical”,  de fato são sem significado no ambiente da EEI pois tais orientações estão relacionadas à orientação de um fio de prumo, ou seja, à orientação da aceleração da gravidade local (que ali é virtualmente nula conforme já discutido). Vide Gravidade e percepção de para cima e para baixo

No vídeo é possível se perceber que gotas de água também são arrastadas no sentido indicado na figura, evidenciando assim a presença de uma corrente ar. Aqui na superfície da Terra até se poderia conseguir um arrasto do ar suficientemente grande para puxar os cabelos de alguém para cima mas então a velocidade do ar em relação à pessoa deve ser MUITO maior do que aquela que produz o efeito na astronauta.

“Docendo discimus.” (Sêneca)

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