A FÍSICA das BORBOLETAS e dos MORCEGOS.
21 de maio, 2016 às 9:42 | Postado em Acústica, Óptica
Respondido por: Prof. Alexandre Medeiros - UFRPeNesta postagem o Prof. Alexandre Medeiros (UFRPe) trata de um tema interessante relacionado com a Física envolvida na caça do morcego a borboletas.
Algumas BORBOLETAS usam instintivamente MECANISMOS de DEFESA baseados em PRINCÍPIOS FÍSICOS capazes de DESPISTAR e DESVIAR MORCEGOS AGRESSORES.
1 – Elas podem, por exemplo, simplesmente VIBRAR as suas CAUDAS e assim frustrar um ataque do seu agressor.
Algumas borboletas são criaturas impressionantes e não apenas belas; que passaram por um complexo PROCESSO EVOLUTIVO.
Suas CAUDAS em FORMATO de ASAS nas EXTREMIDADES são mais do que apenas belos apêndices ornamentais. Elas são CHAMARIZES realmente DESCARTÁVEIS e capazes de LUDIBRIAR morcegos famintos.
2 – O MORCEGO emite ULTRASSONS que são REFLETIDOS nos OBJETOS e cujos ECOS são CAPTADOS em um processo cuja imitação pelo homem levou à criação do mecanismo do SONAR. Ao perceber a aproximação do morcego caçador, a borboleta AGITA a sua CAUDA que se DESPRENDE do seu corpo e CAI afetando a LOCALIZAÇÃO do animal por REFLETIREM as ONDAS de ULTRASSOM emitidas pelo morcego, fornecendo ao mesmo INFORMAÇÕES de OUTRA POSIÇÃO enquanto a borboleta se desloca para cima ou para os lados distraindo e enganando seu atacante. Em alguns casos, elas podem até receber uma mordida em uma extremidade, mas raramente em todo o corpo do inseto.
3 – Em outro MECANISMO INSTINTIVO de DEFESA, as borboletas simplesmente FECHAM as ASAS reduzindo assim a ÁREA REFLETORA do ULTRASSOM emitido pelo morcego e simultaneamente perdendo SUSTENTAÇÃO AERODINÂMICA e conseguindo, assim efetuar verdadeiros MERGULHOS em “QUEDA LIVRE”. Esta queda lhes permitem sair da TRAJETÓRIA de ataque do morcego, sendo posteriormente seguida da reabertura das asas e desvios laterais de todos os tipos.
4 – Em um MECANISMO ainda mais COMPLEXO, algumas borboletas GERAM suas próprias ONDAS de ULTRASSOM ao ATRITAREM partes de seu corpo. O ULTRASSOM assim gerado pela borboleta cria uma PERTURBAÇÃO no processamento do ECO captado pelos morcegos que confunde sua LOCALIZAÇÃO ESPACIAL.
BORBOLETAS e MORCEGOS têm estado, na verdade, envolvidos em uma GUERRA ACÚSTICA por mais de 60 milhões de anos. Esta atividade eliminou muitas BORBOLETAS em um processo de competição e adaptação. Deste modo, apenas aquelas que estavam adaptadas, capacitadas para sobrevivência graças às suas distintas estratégias de deflexão se reproduziram ao longo do tempo nessa verdadeira “corrida armamentista evolutiva”.
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FONTES:
01. Jesse R. Barber, Brian C. Leavell, Adam L. Keener, Jesse W. Breinholt, Brad A. Chadwell, Christopher J. W. McClure, Geena M. Hill, Akito Y. Kawahara. Moth tails divert bat attack: Evolution of acoustic deflection. Proceedings of the National Academy of Sciences, 2015; 201421926 DOI: 10.1073/pnas.1421926112
02. National Geographic Magazine. N.06, 2016.
03. Science Daily. 18/02/2015.
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