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Processo que levou o meteoro de Cheliabinsk na Rússia em 2013 a explodir

Caro professor Lang

Gostei muito da postagem recente sobre o aquecimento de corpos supersônicos na atmosfera (Aquecimento de objetos pelo “atrito” com a atmosfera ), aprendendo que de fato o processo não é atrito.

Gostaria de entender como ocorreu a explosão do meteoro de 2013 sobre a Rússia. Agradeço antecipadamente se o sr. puder responder.

 

Respondido por: Prof. Fernando Lang da Silveira - www.if.ufrgs.br/~lang/

Recentemente foi publicado um artigo – Air penetration enhances fragmentation of entering meteoroids – tratando da explicação do processo  que levou especificamente o meteoroide de Cheliabinsk em 2013 a explodir. O objeto tinha cerca de 20 m de diâmetro, massa de 10 mil toneladas  e era de material poroso – rocha porosa, diferentemente dos meteoroides ferrosos e compactos. Ele ingressou na atmosfera com a velocidade de 18 km/s.

A fragmentação do meteoroide parecia ser impossível pois os testes com os fragmentos (os meteoritos) encontrados na Rússia somente se fraturavam com pressões externas de aproximadamente 330 MPa (-33000 atm) e as pressões que o ar da atmosfera superior atingiu devido ao movimento do bólido através dele não passaram de 5 MPa (~50 atm).

As simulações realizadas pelos autores do artigo supracitado mostraram que, devido à porosidade da rocha, a pressão na região frontal do meteoroide foi transmitida para as partes internas, levando a uma fragmentação violenta de dentro para fora (explosão) a aproximadamente 30 km de altitude.

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Um comentário em “Processo que levou o meteoro de Cheliabinsk na Rússia em 2013 a explodir

  1. Muito legal, esse artigo foi muito interessante para entendermos o que aconteceu com o Chely e que pode ter ocorrido em outros eventos, como por exemplo Tunguska. O Chely é um meteorito condrito (rochoso) e deveria aguentar bem a pressão. Essa porosidade surgiu principalmente do fato dele ser um material que já havia sofrido um grande impacto anteriormente, possivelmente no momento que foi arrancado do corpo parental. Ele trincou e foi preenchido por grandes veios de material derretido (melt), que é muito mais frágil e poroso, resultante do seu próprio derretimento durante esse impacto. Muito se discute sobre o caso de Tunguska, se o material era de origem asteroidal ou cometária. Análises isotópicas indicam uma origem asteroidal, mas se perguntava como o material poderia ter sofrido uma explosão tão violenta se a resistência de material rochoso assim é grande. Esse processo de explosão devido a penetração do ar em regiões porosas pode ser a resposta.

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